Cultura

Livraria Camões no Rio de Janeiro encerra as portas este mês

A Livraria Camões do Rio de Janeiro, que pertence a Imprensa Nacional - Casa da Moeda, vai encerrar as portas ainda este mês, declarou esta sexta-feira o responsável deste espaço no Brasil, José Estrela.

"(O encerramento) será por este mês", confirmou José Estrela, acrescentando que recebeu a informação do fecho da livraria, existente há 40 anos, através de uma carta da Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

Esta sexta-feira, o secretário-geral do PS, António José Seguro, já havia demonstrado a sua "perplexidade" em relação ao encerramento da Livraria Camões no Rio de Janeiro.

"Os motivos (para o encerramento) que foram alegados são de que a livraria é pequena, que hoje a Internet e os meios de comunicação são mais activos e podem com facilidade suprir o que a Livraria Camões fazia", referiu o responsável, um português da região de Aveiro que vive há 50 anos no Brasil.

José Estrela, que é responsável pela livraria desde o seu início, afirmou que "a Livraria Camões é, de facto, uma representação pequena para um território tão grande, mas durante 40 anos foi a única base que abasteceu professores, alunos e universidades de livros para a divulgação da cultura portuguesa".

"(José) Saramago lançou o seu primeiro livro no Brasil, aqui, na Livraria Camões", sublinhou, acrescentando que o mesmo ocorreu com Agustina Bessa Luís e Lídia Jorge, entre outros autores portugueses que marcaram presença com lançamentos de suas obras no espaço.

"É uma perda para o Brasil e é uma perda para Portugal. Era uma lança que nós tínhamos aqui. Eu concordo com o presidente da Imprensa Nacional (Estêvão de Moura) que isto, de facto, é pequeno, mas mais vale termos uma coisa pequena do que não ter nada", afirmou José Estrela, referindo ainda que as obras portuguesas eram vendidas para todo o Brasil.

O responsável disse também que há algum tempo já não estava a receber livros de Portugal.

José Estrela disse entender que a situação económica de Portugal, neste momento, é bastante complicada e que é necessário cortar despesas por parte da Imprensa Nacional.

Entretanto, referiu que a Livraria Camões é uma âncora da cultura portuguesa no Brasil e ficou "muito triste" com a notícia do encerramento desse espaço.

"Em 40 anos, já vendemos mais de dois milhões de livros", indicou ainda o responsável, que também é poeta.

Segundo José Estrela, a livraria foi aberta no âmbito da assinatura de um acordo cultural entre os dois países em 1972.

Redação