Porto

Igespar recusa transformação da capela da Lusófona em auditório

Global Imagens/Arquivo

O Igespar deu um parecer não favorável ao projeto apresentado pela Universidade Lusófona de transformar num auditório a capela do antigo Recolhimento de Nossa Senhora das Dores e S. José, no Porto.

Confrontado com fotografias do interior da capela, construída no início do século 19, que mostravam as paredes despidas da talha neoclássica que antes ostentava, aquele instituto questionou também a universidade sobre o paradeiro do recheio da capela.

Paula Silva, responsável da Direção Regional da Cultura do Norte, destacou que o "imóvel está dentro da área do Centro Histórico do Porto e que, como tal, qualquer intervenção tem parecer vinculativo do Igespar".

Segundo uma denúncia publicada pelo jornalista Germano Silva, na sua crónica dia 5 de fevereiro, no Jornal de Notícias, a Universidade Lusófona "vendeu por oito mil euros, para o estrangeiro, o recheio da capela anexa ao imóvel - altares, talha e imagens".

Questionada, na altura, pela Lusa sobre o destino dado àquele património, a Universidade Lusófona, através do seu serviço de marketing, informou "que não há qualquer capela nas instalações atuais da Universidade", mas que houve um "espaço de culto católico". A mesma fonte afirmou ainda que nenhum "objeto, seja de que natureza for, foi vendido a estrangeiros".

Segundo o texto de Germano Silva, o "conjunto edifício -capela, com o número 17 de referência, entrou na lista dos 95 'imóveis de interesse patrimonial' indicados no documento de candidatura" à classificação da Unesco.

Segundo recorda aquele historiador do Porto, "a fundação do Recolhimento de Nossa Senhora das Dores e São José, também conhecido por Recolhimento do Postigo do Sol (...) anda ligada a uma das maiores tragédias que alguma vez atingiram o Porto - o desastre da Ponte das Barcas, em 29 de março de 1809".

O recolhimento foi fundado por D. Francisca de Paula da Conceição Grelho de Sousa "para nele recolher as muitas raparigas que, em consequência daquela tragédia, haviam perdido os pais e vagueavam pelas ruas da cidade, esfomeadas, descalças e com as vestes esfarrapadas".

A Lusa tentou obter mais esclarecimentos da Universidade Lusófona sobre a rejeição do projeto, mas não conseguiu obter resposta.

Redação