Sociedade

Militares da GNR satisfeitos com passeio de "descontentamento"

A Associação dos Profissionais da Guarda e a Associação Nacional de Sargentos da Guarda fizeram, esta quinta-feira, um "balanço bastante positivo" do "passeio contra as injustiças na GNR" que juntou em Lisboa cerca de mil militares.

"O balanço é bastante positivo. Não tem sido fácil juntar tantos guardas para demonstrar o descontentamento", disse à agência Lusa o vice-presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira.

Segundo a APG, participaram na manifestação cerca de 1.200 militares que vieram de vários pontos do país para protestar contra a forma como foi aplicado o novo regime remuneratório, a anunciada extinção do subsistema de saúde da GNR e a passagem à reforma.

César Nogueira explicou que o sistema remuneratório entrou em vigor em 2010, mas só foi aplicado à totalidade dos militares no final do ano passado, e está a criar "injustiças", uma vez que não foram pagos retroativos e há profissionais com 10 anos de serviços que estão a auferir o mesmo salário de outros com um ou dois anos de trabalho.

É o caso de um militar, que pediu o anonimato, que está na GNR há 14 anos a ganhar 913 euros, "praticamente o mesmo de camaradas que estão na Guarda há três anos", situação que cria "mal-estar".

"Suamos a camisola por uma causa. Damos horas de trabalho e cumprimos uma missão. A outra parte que devia cumprir um contrato mudou as regras ao meio do jogo. Chega a dar um sentimento de revolta e de angústia", disse à Lusa.

O presidente da Associação Nacional de Sargentos da Guarda (ANSG), José O"Neill, afirmou que não se trata de "aumentar os vencimentos", mas sim do cumprimento da lei.

O passeio começou no Largo de Camões com os associados da APG, tendo-se juntado, na Praça do Município, os militares que pertencem à ANSG, que desfilaram até ao Ministério da Administração Interna (MAI), onde entregaram um documento.

Enquanto uma delegação das duas associações entregava um documento a um assessor do ministro da Administração Interna, os militares que estavam na Praça do Comércio exaltaram-se e derrubaram a barreira policial montada para chegarem junto à porta do MAI, levando à intervenção da PSP.

César Nogueira afirmou que esta exaltação foi "uma forma dos militares demonstrarem a revolta e tentarem pressionarem o ministro da Administração Interna".

O presidente da ANSG disse ainda à Lusa que acredita "no bom senso" do ministro, esperando que encontre uma solução para estas questões fundamentais.

Redação