Fernando Lopes, 76 anos, falecido em Lisboa esta quarta-deira, "marcou o novo cinema europeu, nomeadamente através dos filmes, 'Uma abelha na chuva' e 'Belarmino'", disse à Agência Lusa o ator Rogério Samora.
"Era um homem de cinema, da luz, da montagem. O cinema corria-lhe nas veias e é um homem cuja obra fica. Ele sabia o que queria fazer sem se importar com o que diziam", afirmou o ator.
Rogério Samora participou em quatro filmes de Fernando Lopes, entre eles "O Delfim", adaptação do romance homónimo de José Cardoso Pires.
Sobre as diferentes personagens que desempenhou com o cineasta, o ator disse que era de Fernando Lopes que fazia sempre, "apenas mudava o nome da personagem".
"Quase me sentia a fazer de Fernando [Lopes], os gestos, as frases... Era quase recorrente", disse o ator que acrescentou que, em três dos quatro filmes, foi incluída a canção "Sabor a mi", que "era muito importante na vida" do cineasta.
Muito emocionado, o ator disse que "tinha uma relação de irmão" com o realizador: "Ele sabia bem o que me queria pedir e o que eu lhe podia dar".
"Tínhamos muitas conversas sobre a vida, era um homem inteligente e sensível", disse Rogério Samora que atestou ser "uma grande perda para o cinema e para a cultura em Portugal".
"Era um homem frágil que ganhava força com as imagens e os filmes que fazia", disse.
O corpo do cineasta será velado a partir de quinta-feira, às 18horas, na Biblioteca Municipal Central, no Palácio das Galveias, ao Campo Pequeno, em Lisboa, informou a Cinemateca Portuguesa, sem adiantar pormenores das cerimónias fúnebres.