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Imprensa francesa diz que Hollande foi a Berlim para "impor condições"

A imprensa francesa destaca, esta quinta-feira, um dia depois da visita do recém-empossado Presidente francês a Berlim para um jantar de trabalho com a chanceler alemã, que François Hollande foi "conhecer" Angela Merkel e "impor as suas condições".

O jornal Le Figaro faz uma chamada de capa para o encontro e escreve que "O chefe de Estado colocou as suas condições a Angela Merkel".

No editorial, o jornal considera que, ouvindo os discursos que Hollande fez na terça-feira, "percebe-se bem que ele pretende ser um Presidente de esquerda. Sozinho contra o mundo inteiro, se for preciso". E adverte: "Os desafios que o novo chefe de Estado enfrenta requerem, pelo menos, respostas suprapartidárias".

O jornal noticia depois que, "logo depois de ter sido investido, o chefe de Estado abordou a questão do crescimento com a chanceler". Mas nota que, contudo, "o momento não serviu para resolver problemas de fundo que se acumularam", mas antes -- e cita Hollande -- para que os dois "se conhecessem melhor, estabelecessem uma relação e fixassem um método de trabalho".

E nota que, "apesar das suas diferenças, o novo casal Hollande-Merkel está condenado a entender-se". O jornal publica ainda uma pequena notícia sobre o apoio dos social-democratas do SPD alemão ao novo Presidente francês nas suas ideias sobre o crescimento.

O Libération faz capa com François Hollande a caminhar sobre a passadeira vermelha para a investidura e titula "A rutura", no Eliseu, no Governo, e com a Alemanha: "O chefe de Estado em Berlim para 'conhecer' Angela Merkel", lê-se.

"Em casa de Merkel, Hollande à conquista de concessões", escreve no título da notícia do encontro. O jornal destaca que os dois líderes têm um estilo comum: "De uma certa forma, eles foram feitos um para o outro", lê-se sobre o casal a que o jornal chama "Homer", em substituição do casal 'Merkozy'.

O jornal destaca ainda que o primeiro-ministro francês, nomeado na terça-feira, Jean-Marc Ayrault, que é fluente em alemão e um conhecedor do país, será uma mais-valia nas relações com Berlim.

No Le Monde, apenas o 'cartoon' da capa faz alusão à visita do Presidente francês à Alemanha, com a chanceler a aparecer atrás do Eliseu, agarrada ao Tratado Orçamental Europeu, e a ver um Sarkozy cinzento pelas costas e um Hollande assustado, a caminho da entrada.

Lá dentro antevê "inícios diplomáticos delicados" para Hollande: "A França vai deixar de ser um aliado fiável? A questão está no ar do lado americano (Hollande prometeu antecipar a retirada das tropas francesas do Afeganistão) mas também entre vários parceiros europeus", lê-se.

O mesmo texto pergunta se não será a Alemanha "a grande beneficiária" da "doce lista negra dos franceses" em relação a outros países. Berlim poderá acabar por ser, a seguir ao Reino Unido, "o melhor parceiro estratégico de Washington na Europa".

Redação