Sociedade

Governo corta financiamento ao programa MIT Portugal

O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia alertou esta segunda-feira que não vai haver tanto dinheiro público disponível para o MIT Portugal, um programa que nos últimos cinco anos custou 30 milhões de euros aos cofres do Estado.

"Não vamos ter tanto dinheiro disponível para estas parcerias e o que temos queremos utilizar da forma mais eficaz possível", afirmou Miguel Seabra, sublinhando a necessidade do aparecimento de novos cofinanciadores, nomeadamente universidades e entidades públicas e privadas americanas.

O programa MIT Portugal foi lançado em 11 de outubro de 2006, em Lisboa, e resulta de um contrato para cinco anos firmado entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o Massachusetts Institute of Technology, dos Estados Unidos da América.

O objetivo é fomentar a inovação e o empreendedorismo nas áreas da Engenharia e Gestão, através de parcerias entre universidades e empresas portuguesas e americanas.

Segundo Miguel Seabra, que falava em Guimarães, durante uma conferência do MIT Portugal, os primeiros cinco anos deste programa vão custar 150 milhões aos cofres do Estado, que se assume como o único financiador.

Neste momento, decorrem as negociações para a renovação do programa para os próximos cinco anos, um processo que deverá estar concluído em junho.

"Achamos que é realista pensar que o orçamento se vai manter ou até aumentar, mas ele não vai estar é totalmente dependente da FCT. Queremos continuar a fazer tudo de bom o que estamos a fazer, diversificando um pouco as fontes de financiamento", referiu Miguel Seabra.

Manifestou-se seguro de que os financiadores irão aparecer, porque "os parceiros universitários e industriais americanos veem nestas parcerias um enorme valor".

"Os financiadores vão aparecer, de certeza. Se não aparecerem, é sinal de que as parcerias, afinal, não eram tão boas como dizem que eram. Eu tenho inteira confiança que isso vai acontecer", sublinhou.

O presidente da FCT disse que há aspetos nestas parcerias que são "intangíveis" e que têm a ver, nomeadamente, com o incutir de uma "cultura de empreendedorismo e de risco", para criar valor e levar novas ideias para o mercado.

"Essa cultura é absolutamente essencial para Portugal, ainda mais nesta altura de crise. É uma prioridade nacional fazer tudo o que for possível para incentivar em Portugal a tecnologia, a inovação e o empreendedorismo", rematou.

O diretor do MIT Portugal, Paulo Ferrão, fez um balanço "muito positivo" dos primeiros cinco anos do programa, que já formou mais de 570 alunos, e garantiu que "há grande vontade" do Massachusetts Institute of Technology de continuar a trabalhar com Portugal "com valores mais reduzidos".

"Espero que consigamos atrair, com projetos interessantes, investimento português e estrangeiro", referiu.

Admitiu que o financiamento público português, após a renovação do contrato, poderá baixar para quatro milhões de euros por ano.

Redação