A greve dos trabalhadores portuários pode pôr em causa a competitividade da economia portuguesa e o desempenho positivo das exportações, alertou, esta terça-feira, o diretor-executivo da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal.
"Estetipo de greves pode pôr em causa a continuidade da boa performanceque as exportações estão a ter", afirmou à Lusa Belmar daCosta, referindo ser "complicado" contabilizar os prejuízosda paralisação.
"Oque se pode vir a perder a médio/longo prazo é uma dinâmica queera de crescimento em todos os portos e, sobretudo, a possibilidadede não ser capaz de crescer no futuro, de ser mais competitivo",acrescentou.
Ostrabalhadores portuários portugueses começaram à meia-noite umagreve contra a revisão do regime jurídico do trabalho portuário,que vai prolongar-se até às 8 horas de quarta-feira e abrange osportos de Lisboa, Viana do Castelo, Aveiro, Figueira da Foz, Setúbal,Sines e Caniçal, na Madeira).
Segundo osúltimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística(INE), as exportações portuguesas cresceram 6,8% no segundotrimestre de 2012 relativamente ao mesmo período do ano anterior.
Já asimportações caíram a uma taxa homóloga de 8,3% no segundotrimestre, um ritmo muito mais forte que os 3,3% do trimestreanterior, reflexo da quebra acentuada do consumo.
O ConselhoPortuguês de Carregadores (CPC), que representa cerca de 20 empresasexportadoras portuguesas e 70% da carga movimentada nos portosnacionais, considerou hoje a greve dos trabalhadores portuários"inoportuna e sem sentido".
De acordocom o CPC, a proposta de lei do Governo que pretende alterar alegislação laboral do setor portuário, aproximando-a mais do queestá disposto no novo Código do Trabalho, é "positiva",porque permite "aumentar a eficiência, reduzir custos, econtribui para a redução da fatura portuária".
Ovice-presidente da Confederação dos Sindicatos Marítimos ePortuários (Fesmarpor), Vítor Dias, explicou à Lusa nasegunda-feira que, atualmente, os trabalhadores portuários executamtodo o tipo de tarefas até ao momento em que a carga embarca nonavio. Com a reforma, o Governo quer que os trabalhadores portuáriosfaçam apenas o trabalho a bordo.
"Oque o Governo pretende é deixar sem ocupação cerca de 50% dostrabalhadores portuários e ir buscar trabalhadores sem qualquer tipode qualificação" para desempenhar as restantes tarefas,acrescentou o dirigente sindical.