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Morreu Santiago Carrillo, líder histórico do Partido Comunista Espanhol

SERGIO PEREZ/REUTERS

Faleceu, esta terça-feira, com 97 anos, um dos maiores símbolos da política espanhola do século XX. Santiago Carrillo foi secretário-geral do Partido Comunista Espanhol durante grande parte do franquismo e tornou-se numa das peças chave nas negociações da transição para a democracia.

Nos últimos meses tinha sido internado por diversas vezes, até que na última semana o seu estado de saúde se debilitou. Faleceu na casa que habitava em Madrid.

O percurso político do carismático dirigente comunista confunde-se com a própria história de Espanha do século passado. Jovem revolucionário, participou em abril de 1934 no comité que tentou derrubar a direita republicana que então se encontrava no poder.

A insurreição fracassou e Carrillo foi preso, sendo libertado em Fevereiro de 1936, poucos meses antes do eclodir da Guerra Civil espanhola.

É durante a contenda bélica que Carrillo se afilia ao PCE, junto ao qual combate a sublevação militar liderada por Francisco Franco.

Durante o conflito teriam lugar os polémicos fuzilamentos de presos feitos pela ala republicana em Paracuellos de Jarama. Mais tarde, o regime franquista responsabilizaria directamente Carrillo pelo sucedido, algo que o líder comunista sempre negou.

Perdida a Guerra Civil, inicia um longo período de exílio durante o qual se dedica a fazer oposição ao regime franquista. Foi o responsável por dirigir a evolução do PCE em direcção ao eurocomunismo, empenhado na construção de um sistema socialista democrático.

Carrillo somente regressaria a Espanha em 1976, após a morte de Francisco Franco. Mostrando um perfil moderado durante a Transição para a democracia -ao reconhecer a monarquia e aceitar uma lei de amnistia- conseguiria que o seu partido fosse finalmente legalizado.

O confronto que teria posteriormente com dirigentes mais jovens do PCE levaram à sua expulsão do partido, em 1985. A partir daí, continuou a ser uma voz presente no círculo mediático espanhol, conservando uma postura crítica em relação aos sucessivos governos do PSOE e do PP.