O assassinato de Carlos Castro

Renato Seabra matou por raiva e pensou na fuga, diz acusação

A procuradora norte-americana encarregue da acusação a Renato Seabra pelo homicídio de Carlos Castro em Nova Iorque defendeu, esta quarta-feira, perante os jurados do caso, que o jovem matou "por raiva" e que "pensou claramente" a fuga.

Na suaalegação final, que foi interrompida ao fim de uma hora e seráretomada na quinta-feira, a procuradora Maxine Rosenthal disse ser"fabricada e ridícula" a tese da defesa de que Seabraestivesse em delírio durante o crime, contrapondo que existe ummotivo para o crime que "não podia ser mais claro".

"Porquematou Carlos Castro? Porque o dinheiro, as prendas, as viagens, acultura, a fama, estava tudo a desaparecer num instante",defendeu Rosenthal.

"Omotivo foi raiva, frustração, vergonha de ir para casa e ter de irpara casa enfrentar amigos e família", depois de ter mantidouma relação homossexual com a vítima, que o rejeitou antes docrime, disse.

"Talvezesta raiva tenha sido uma reação excessiva, mas não foi umdelírio", adiantou a procuradora.

Assumindoque iniciou a relação com Castro a troco de favores materiais,Seabra confrontou-se nas horas antes do crime com o facto de "todosirem saber" da natureza sexual da mesma, que tinha escondido damãe e de amigos, argumentou.

Com o réunovamente ausente do julgamento, mas a mãe e familiares de Castropresentes, os 12 jurados, seis homens e seis mulheres, seguiram alonga intervenção com atenção.

Naquinta-feira, os jurados irão iniciar as suas deliberações, atéque cheguem a um veredicto unânime.

Depois decomunicado o veredicto ao tribunal, caberá ao juiz ditar a sentença,caso Seabra seja considerado culpado de homicídio em segundo grau,incorrendo numa pena que pode ir de 15 anos a prisão perpétua.

Durante amanhã, o advogado de defesa David Touger sustentou que foramproblemas mentais a levar ao violento crime de 7 de janeiro de 2011,apoiando-se nos diagnósticos de quase duas dezenas de médicos deque o jovem sofre de doença bipolar com surtos psicóticos.

Defendeuque o jovem agiu a mando "de Deus" e apontou a brutalidadedo homicídio, das mutilações do corpo da vítima, incluindo nosórgãos genitais, e o comportamento da vítima depois do crime, nãofugindo mas indo para um hospital, como indicação do seu estadopsicótico.

Parailustrar a brutalidade de Seabra durante o crime, depois de sufocar avítima, Touger dramatizou os atos do homicida durante as cerca detrês horas no quarto do Hotel Intercontinental, usando perante osjurados as armas do crime - ténis, um monitor de televisão e umsaca-rolhas.

Rosenthaldefendeu que o tempo passado no quarto mostra, pelo contrário, que ohomicida planeou a fuga, mudando de roupa e munindo-se de passaporte,perto de 1.600 dólares em dinheiro e do itinerário da viagem deavião para Portugal, que tinha sido antecipada por Castro.

Seabra"mostrou planeamento, presença, ação deliberada e o tempo quepassou no quarto é sinal de que este homem está a pensarclaramente, sabe o que fez, que é errado, está a limpar-se e a saircom um plano", sustentou.

O planoinicial, adiantou, era ir para o aeroporto e daí para Portugal, maseste foi frustrado quando foi surpreendido a sair do hotel por umaamiga de Castro e a filha desta e percebeu que a polícia o vaiencontrar em pouco tempo.

O "planoB", quando já está perto do terminal de transportes de PennStation, é apanhar um táxi para ser levado a um hospital, e naviagem diz ao taxista para mudar a estação de rádio para asnotícias a fim de saber "se o corpo já tinha sido encontrado",disse a procuradora.

Asdeclarações posteriormente feitas à polícia, dizendo ter "feitoo bem" ao matar Castro foram "em benefício próprio",para poder declarar-se como não culpado devido a problemas mentais,adiantou.

Aprocuradora irá concluir a exposição dos seus argumentos naquinta-feira, passando depois o caso para as mãos dos jurados.

Redação