O presidente da República, Cavaco Silva, recusou, esta segunda-feira, comentar as declarações do primeiro-ministro sobre as reformas e disse que nunca mais se pronunciaria sobre as suas próprias pensões.
"Nãocomento, nunca comentei nem irei comentar declarações de membros doGoverno", disse Cavaco Silva, questionado pelos jornalistas àmargem de uma apresentação de judo inclusivo, em Lisboa.
Oprimeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu no domingo anecessidade de os reformados com pensões mais elevadas darem aoEstado um "contributo maior", o que na sua opinião nãoviola a Constituição da República.
Questionadose se sentiu visado pelas declarações do primeiro-ministro, CavacoSilva respondeu: "Eu já uma vez, ou mais do que uma vez tenteicorrigir a informação que os senhores [jornalistas] publicaram,como não tive sucesso decidi uma coisa: nunca mais me pronunciarsobre o assunto, exceto talvez quando escrever as memórias".
Asdeclarações de Passos Coelho surgiram na sequência de uma notíciado semanário Expresso que dá conta, citando fonte do Palácio deBelém, que o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, vaipromulgar nesta fase o OE, remetendo o diploma ao TribunalConstitucional para fiscalização sucessiva, por ter dúvidas,designadamente, sobre a constitucionalidade da tributação daspensões dos reformados.
Em Penela,o primeiro-ministro considerou que alguns reformados e pensionistas"descontaram para ter reformas, mas não para terem aquelasreformas", acrescentando que tais pensões elevadas "nãocorrespondem ao valor dos descontos que essas pessoas fizeram"ao longo da sua carreira contributiva.
"Porisso lhes estamos a pedir um contributo especial, não é paraofender a Constituição", sublinhou.