A cidade de Portalegre esteve, esta segunda-feira, de luto face à morte de 11 pessoas residentes na região, no despiste de um autocarro na Sertã, no domingo, sendo o assunto dominante nas conversas entre a população, nas ruas e cafés.
No bairrodo Atalaião, em Portalegre, os habitantes estão em estado de choquecom o sucedido, recordando os mortos e os feridos "já comsaudade", uma vez que a maioria das vítimas residia ou tinhaligações àquela comunidade.
Emdeclarações à agência Lusa, Luís Pires, funcionário do CentroPopular dos Trabalhadores de São Cristóvão, um dos maiores cafésdo bairro do Atalaião, mostrou-se emocionado ao falar das vítimas,relatando que o ambiente "está pesado e muito duro", pois"faltam" alguns dos clientes, que morreram no acidente.
"Nósconvivíamos com as pessoas todos os dias. Aqui nós somos como umafamília, este é um assunto muito duro", disse, com a vozembargada.
Noquiosque do bairro, situado a poucos metros do café onde Luís Pirestrabalha, os jornais diários esgotaram, como aconteceu um pouco portodos os pontos de venda na cidade que, esta segunda-feira e naterça-feira, está de luto, decretado pelo município.
"Aquino quiosque do Atalaião, pelas 10.30 horas, já não havia jornais.Estas coisas não acontecem todos os dias e as pessoas estãochocadas porque são todas conhecidas umas das outras", disse àagência Lusa a funcionária do espaço, Carla Silva.
"Estamosem estado de choque, este é um bairro pequeno e as pessoas estãosentidas, todos são conhecidos uns dos outros e muitos deles sãofamiliares", sublinhou.
Enquanto apresidente da Câmara de Portalegre, Adelaide Teixeira, está avisitar ao longo do dia os feridos internados nos hospitais deCoimbra, Castelo Branco e Portalegre, os populares vão-seaproximando de três igrejas daquela cidade alentejana para velar osmortos.
Uma imagemque nunca foi vista por aquelas bandas e que parece que "aindanão é real", como disse à agência Lusa o organizador daexcursão, Luís Barbas, também ferido no acidente, mas que já seencontra em casa a recuperar, apesar de estar "todo moído".
Sem selembrar sequer se saiu do autocarro ou se foi cuspido do veículoaquando do despiste, Luís Barbas, que também é de Portalegre,explicou que esta não era uma excursão como se fosse organizadanuma grande cidade.
"Háaquelas viagens em que as pessoas só se conhecem dentro doautocarro, mas o problema pior aqui é que isto acaba por não ser umpassageiro de um passeio. Acaba por ser um amigo, porque toda a genteera conhecida", lamentou.
Nomunicípio de Portalegre está instalado um gabinete de apoio àvítima, constituído por uma equipa de apoio psicossocial dosBombeiros Voluntários de Portalegre, que integra ainda técnicos daautarquia, da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) eda Segurança Social.
Oautocarro com matrícula espanhola despistou-se, ao início da manhãde domingo, no IC8, no nó do Carvalhal, concelho da Sertã, eprovocou 11 mortos e um número elevado de feridos, alguns dos quaisem estado grave.
A viatura,transportando um grupo de 44 pessoas, quatro das quais crianças,partira de Portalegre em direção a São Paio de Oleiros (SantaMaria da Feira), para uma visita a uma exposição denominada "Omaior presépio do mundo".