Economia

Extensão do prazo para pagar empréstimos seria positivo, mas não munda assim tanto, diz a "Fitch"

O alargamento do prazo para pagar alguns dos empréstimos, pedido por Portugal ao Eurogrupo, que será discutido na reunião da próxima semana, será positivo se for aprovado, mas não representa uma mudança significativa, segundo a agência Fitch.

"Oque vimos no passado é que os termos foram melhorados para Portugal.As maturidades foram estendidas, os custos com juros desceram. É umaforma de apoio dos países credores e é positivo, porque ajuda amelhorar a dinâmica da dívida. (...) Se as maturidades forem maisalargadas ajudará a reganhar acesso aos mercados porque há um menorrefinanciamento a fazer, logo não têm de pedir tanto dinheiro nomercado", afirmou à Agência Lusa Douglas Renwick diretorsénior da Fitch Ratings.

O tambémantigo analista para Portugal da agência de 'rating', que esteve emLisboa numa conferência promovida pela Fitch, considera no entantoque apesar de "positiva, não é uma decisão que represente umamudança significativa", caso esta venha a ser tomada peloslíderes europeus, após o pedido conjunto de Portugal e Irlanda.

Sobre oregresso em pleno aos mercados primários de dívida pública, oanalista diz que "existe a hipótese de Portugal e Irlandaconseguirem recuperar o acesso ao mercado antes do final do ano",e que isso daria um sinal muito positivo, mas que este não écrítico já que esperam mais apoio financeiro dos parceiros europeuscaso existam problemas.

"Seacontecesse enviaria um sinal muito positivo e ajudaria a melhorar ascondições internas em Portugal e na Irlanda, baixando os custos definanciamento e permitindo às empresas desses países emprestarentre si. Há todo o tipo de consequências positivas, mesmo emtermos económicos. É uma possibilidade, mas se não acontecer nósesperamos que chegue mais apoio financeiro [dos parceiros oficiais]",afirmou o responsável.

O papel doBanco Central Europeu, e do seu mais recentre programa de compra dedívida no mercado secundário (Transações Monetárias Definitivas,ou OMT na sigla em inglês) tem sido fundamental para a Fitch, apesarde este não ter ainda sido utilizado para qualquer compra de dívida,ajudando a baixar os juros do financiamento a Portugal e Irlanda eprincipalmente, aumentou o limite de dívida pública que o mercadoestá disposto a financiar.

"Atéagora tem funcionado sem ter de ser utilizado. Já conseguiu baixaras yields (taxas de juro da dívida) porque as pessoas sabem que eleexiste, e de alguma forma foi desenhado para atuar assim. Aambiguidade que se vê nos termos precisos de acesso [que não estãoclaramente definidos] existe de propósito. Ainda assim, os 'spreads'(diferença entre os juros cobrados a estes países e o referencialque é a Alemanha na Europa) já baixaram significativamente, porisso nesse sentido já serviu o seu propósito", disse.

Oresponsável defende mesmo que baixando os riscos de falta deliquidez dos Estados, o programa do BCE aumentou a confiança empaíses como Portugal e que isso pode melhorar os chamadosfundamentais, ou seja, conseguir um crescimento mais robusto devido àmelhoria nas condições de mercado.

A Fitchpensa ainda que o pior da recessão pode já ter passado e que arecuperação pode chegar mais cedo, e melhor que o esperado naEuropa.

Redação