A coligação governamental liderada pela chanceler Angela Merkel quer evitar que o Parlamento alemão vote a extensão do prazo de pagamento dos empréstimos concedidos a Portugal e a Irlanda, noticia, esta segunda-feira, o jornal económico alemão "Handelsblatt".
O jornalrefere que Berlim está a analisar e a discutir formas de evitar quea extensão dos prazos para pagamento dos empréstimos solicitada porPortugal e Irlanda, no quadro dos programas de assistênciafinanceira, tenha de ser votada pelo Bundestag, a câmara baixa doParlamento alemão.
A via queestá a ser explorada para contornar essa votação, precisa odiário, prende-se com o facto de Lisboa e Dublin "não terem sórecebido empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira(FEEF), que é rigorosamente controlado pelo Bundestag".
O diárioalemão lembra que "um terço dos empréstimos concedidos"a Portugal e à Irlanda foram feitos ao abrigo do Mecanismo Europeude Estabilidade Financeira (MEEF).
O MEEFpode ser acionado a favor de um Estado do euro que "esteja aatravessar ou esteja ameaçado de problemas de financiamento severos"e se esta intervenção se revelar "indispensável parasalvaguardar a estabilidade da Zona Euro como um todo".
O"Handelsblatt" refere que os ministros das Finanças daUnião Europeia podem alterar as condições deste mecanismopermanente de estabilidade "sem consentimento" dosparlamentos dos Estados-membros.
Assim, acoligação governamental formada pelo partido de Angela Merkel, aUnião Democrata Cristã (CDU), a sua versão bávara, a UniãoSocial Cristã (CSU), e os liberais do FDP, evitaria essa votação,aponta o jornal.
A oposiçãoalemã não tardou em reagir e já teceu duras críticas ao caminhoseguido pelo governo da chanceler alemã, Angela Merkel.
"Contornaro Parlamento com recurso a esse tipo de batota é inaceitável",criticou Carsten Schneider, especialista em questões de orçamento emembro destacado do Partido Social Democrata (SPD), principal partidoda oposição na Alemanha, citado pelo "Handelsblatt".