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Portugueses na Venezuela foram à missa e depois foram votar

Muitos portugueses radicados na Venezuela, onde, este domingo, se realizam as eleições presidenciais, optaram por cumprir as obrigações religiosas, antes de se dirigirem aos centros de votação, verificou a agência Lusa junto da comunidade e das assembleias de voto.

"Fazemossempre 'muita fila'. Desta vez optámos por cumprir primeiro osnossos deveres cristãos. Fomos à missa e só depois é que fomosvotar. Curiosamente, não havia muita gente. O processo foi rápido.Não sei se se trata de abstenção, da rapidez do sistema ou se aspessoas estão a dormir até mais tarde", disse à Lusa oportuguês Nelson Martins.

Natural daIlha da Madeira, com 63 anos de idade, este comerciante explicou quevários irmãos e outros familiares se propuseram "ir votartodos juntos, como maneira de conviver e passar o tempo - o que nãochegou a acontecer, porque tão só nuns minutos" todos votaram.

A agênciaLusa percorreu durante quatro horas os centros eleitorais de Caracasonde tradicionalmente votam muitos portugueses, verificando que asfilas eram poucas e fluíam com rapidez.

Em SanBernardino, o lusodescendente Nelson Betencourt explicou que, nasúltimas eleições, esteve mais de seis horas em fila para votar,mas hoje precisou "apenas de uns cinco minutos".

Este filhode emigrantes madeirenses faz questão de lembrar que "o voto éuma maneira de exercer a democracia".

Váriosportugueses contactados por telefone disseram à agência Lusa queestavam a pensar almoçar em casa, em família, e só depois irvotar, uma situação que contraria o que tradicionalmente acontececom os imigrantes lusitanos, que são dos primeiros a cumprir estedever.

A situaçãoverificada em Caracas é idêntica à das cidades de Maracay eValência, onde o exercício do voto ficou para depois da missa ou doalmoço, como explicaram vários portugueses, contactados portelefone.

EmHiguerote, 100 quilómetros a leste de Caracas, verificou-se aexceção, com os portugueses a acudirem cedo aos centros eleitorais,como explicou Juan Goncalves, membro da comunidade.

"Foimuito cedo, ainda não eram sete horas da manhã, e já havia váriosportugueses votando. Tudo tem sido rápido, mas é provável quedurante a tarde haja mais afluência", disse.

Mais de18,9 milhões de venezuelanos vão este domingo às urnas para elegero presidente que dirigirá os destinos do país no período2013-2019.

Este é oprimeiro processo eleitoral posterior à morte de Hugo Chávez,constituindo, de acordo com analistas, um passo importante para osvenezuelanos, que têm assim oportunidade de decidir se queremcontinuar ou não a via do chamado "socialismo bolivariano doséculo XXI".

Nestaseleições participam sete candidatos, mas as atenções estãocentradas em Nicolás Maduro Moros, o homem indicado por Hugo Chávezcomo seu possível sucessor, e Henrique Capriles Radonski, que, em2012, venceu as primárias da coligação Mesa de UnidadeDemocrática, confirmando-se como candidato da oposição àspresidenciais de 7 de outubro, mas acabou por perder para Chávez.

NaVenezuela, segundo dados oficiais, residem 400 mil portugueses,números que ficam aquém dos 1,5 milhões estimados pela própriacomunidade. ao incluir os lusodescendentes que possuem unicamente anacionalidade venezuelana.

Redação