Economia

Protestos em paris contra "Europa defeituosa"

Centenas de manifestantes oriundos de Portugal, Espanha, Grécia, Turquia e também franceses juntaram-se, este sábado, em Paris, para uma manifestação internacional contra a 'troika' e os "problemas de uma Europa defeituosa".

Antes das14 horas locais (13 horas em Lisboa) começaram a juntar-se na Praçado Trocadero, em frente à Torre Eiffel, dezenas de manifestantesportugueses, gregos, espanhóis e turcos.

"Ointeresse desta manifestação é ela ser europeia e é a compreensãodos cidadãos de que os problemas que estão a atravessar a Grécia,Portugal, Irlanda, Chipre, os países que estão sob o império da'troika', mas também os problemas que estão a atravessar paísescomo a França", disse à Lusa a economista Cristina Semblano,representante do Bloco de Esquerda em França.

Aeconomista realçou o que chamou de "problemas de uma Europadefeituosa" que "são comuns" aos países que aderiramao apelo.

Em relaçãoa Portugal, Cristina Semblano acrescenta que "o povo portuguêsestá a ser estrangulado", originando uma "emigração emmassa".

Governo português expulsa os portugueses de Portugal e entretantofecha consulados, retira estruturas consulares, retira todo o apoio",acrescentou a representante do Bloco.

ElisabethOliveira foi a principal impulsionadora da manifestação de 2 março,junto ao Consulado-Geral de Portugal em Paris, e volta amanifestar-se porque não esquece quem está em Portugal.

"Tenhoa minha filha, os amigos e a minha casa, em Portugal. Tinha que cáestar hoje, fazia todo o sentido", disse.

Elisabethacrescenta que esta é uma data simbólica, que não tendo sidopropositada, representa a luta que trava pelos filhos.

"Hojeé o Dia Mundial da Criança, está cá o meu filho e eu acho que aprenda que eu podia dar-lhe era ele lutar pelo país para ter umfuturo onde ele quiser estar. Dar esperança ao meu filho para eleter um futuro em Portugal".

O mesmofilho que acompanhou hoje Elisabeth tem 5 anos e segurou namanifestação de 2 de março um cartaz onde se lia "Ó, Coelho!És mau! Obrigaste-me a deixar os meus amigos. E vou crescer sem osmeus irmãos!".

AníbalMarcelino da Silva é luso-descendente e está presente pelos doispaíses. Por um lado por considerar que "a França já está emrecessão e vai para pior", mas também pelo que se está apassar em Portugal.

MariaTeresa Fernandes é da Madeira, vive em França há 36 anos e diz-semagoada. "O povo não merece ser escravizado desta maneira".

"Opovo não tem culpa do que os Governos fazem e temos um presidente daRepública que nada faz", acrescentou a madeirense.

Por voltadas 15.15 horas locais (14.15 horas em Portugal Continental) ouviu-seem Paris a célebre "Grândola, Vila Morena", pela voz deJoão Rufino. Os portugueses presentes aproximaram-se e cantaramjuntos a senha da Revolução dos Cravos.

Durante atarde ouviram-se gritos de revolta em várias línguas, empunharam-secartazes onde se podia ler "Povos unidos contra a 'troika'"e "Somos expulsos de Portugal".

Foi colocado no chão um mapa europeu no qual cada manifestante podiacolar um 'post it' com a frase que representa a sua luta, no mapa doseu país.

O apelo aesta manifestação internacional foi lançado em Lisboa, a 26 deabril, por ativistas de cinco países europeus, incluindo o movimentoportuguês "Que se lixe a Troika".

Em França,os primeiros subscritores foram o Bloco de Esquerda em França(Portugal), o coletivo Juventud sin futuro Paris (Espanha) e o Comitéda SY.RIZ.A em Paris (Grécia).

Redação