O presidente da Bolívia, Evo Morales, considerou, esta quinta-feira, como "insuficientes" os pedidos de desculpa apresentados pelos países europeus que impediram a passagem do avião presidencial boliviano no seu espaço aéreo, como foi o caso de Portugal.
Morales,que regressava de Moscovo, chegou à capital boliviana La Paz naquarta-feira à noite após 13 horas de escala forçada em Viena e de17 horas de voo.
"Ospedidos de desculpa dos países que não permitiram quesobrevoássemos o seu território não são suficientes", disseMorales, durante uma cerimónia na cidade de Shinaota, na regiãocentral da Bolívia.
Portugal eFrança recusaram autorizar a passagem pelos seus territórios doavião presidencial boliviano, que na segunda-feira à tardepretendia nomeadamente sobrevoar Portugal e fazer uma escala parareabastecimento em Lisboa.
Segundo asautoridades bolivianas, a recusa deveu-se a "suspeitasinfundadas" de que a bordo estaria o ex-consultor da CIA EdwardSnowden, há vários dias em Moscovo à espera de uma soluçãodiplomática que evite a sua extradição para os Estados Unidos.
Segundo oMinistério dos Negócios Estrangeiros português, a recusa deveu-sea "considerações técnicas".
"Oque aconteceu nos últimos dias não é um acaso, não é um erro,alguns países pediram desculpas evocando um erro mas isto não é umerro", insistiu o chefe de Estado boliviano.
"Qualera o objetivo principal? Assustar-me? Calar-me? Intimidar-me? Qualfoi o propósito?", questionou Morales, assumindo estar chateadocom os recentes acontecimentos.
Moralesreiterou ainda que não tinha qualquer intenção de colaborar com oeventual transporte de Edward Snowden.
"Impossível,impossível", repetiu o presidente, acrescentando que uma equipade juristas está a analisar as repercussões legais "de uma talviolação dos tratados internacionais".
O Governoboliviano convocou com urgência os embaixadores de França, Itáliae de Espanha na capital boliviana, mas também o cônsul honorárioportuguês em La Paz, para explicarem os contornos deste incidentediplomático.
OParlamento boliviano indicou na quarta-feira que ia pedir a expulsãodos representantes diplomáticos de França, Portugal e Itália comorepresália pela interdição.