Ainda não era meio-dia quando o fogo regressou à serra do Caramulo. Desta vez, na vila, encostado às casas. "Parece que querem que o Caramulo desapareça do mapa. Isto parece o inferno", atira revoltada Adília Marques. O incêndio que começou em Guardão, não foi fogo posto, foi negligência.
"Foi um ato de neglicência de um homem, com cerca de 40 anos, já identificado, que estava a limpar mato com umamoto roçadora. Saltou uma faísca e ateou o incêndio", explicou ao JN fonte daGNR.
Adília recebeu uma chamadada filha aflita. O fogo estava prestes a entrar na quinta, no Caramulo, ondetem os animais.
"Tive de tirar daqui as cabras e os porcos. As galinhas ficaram e ainda são umas25", conta a filha, Cláudia Cabaças, espantada com a velocidade do fogo.
"Estava em casa e cheirou-me a fumo. Vi as chamas junto às árvores, masenquanto liguei à minha mãe e ao meu irmão, ficou tudo tomado pelas chamas",recorda.
Maria José Alves, aproprietária da quinta e de uma casa acabara de ir à janela, mas nem se apercebeuque as chamas estavam tão perto. Tem mais de 70 anos, foi operada a uma perna,movimenta-se com grande dificuldade,apoiada em muletas.
"A minha casa estava emperigo e a minha vizinha é que me foi buscar. Estou aqui aflita toda atremer", afirma com os olhos pregados no incêndio, já mais afastado. "Eu sópedia que me salvassem a casa. Graças a Deus, salvou-se tudo", suspira.