Política

Machete rejeita apelos para demissão e lamenta "talentos desperdiçados" no BE

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, rejeitou, esta terça-feira, os pedidos da oposição para a sua demissão, lamentando que exista "tanto talento desperdiçado no Bloco de Esquerda".

RuiMachete reagiu assim à intervenção da deputada bloquista HelenaPinto durante a audição ao ministro na comissão parlamentar deNegócios Estrangeiros, em que voltou a criticar a entrevista dochefe da diplomacia portuguesa a uma rádio estatal de Angola.

"Oproblema reside nas funções que desempenha, um ministro de Estado edos Negócios Estrangeiros não fala por si próprio nem fazinterpretações pessoais e políticas quando fala aos microfones deuma estação estrangeira", considerou Helena Pinto, que tambémpretendeu saber qual a posição de Portugal sobre a questão dosdireitos humanos em Angola, quando se aproxima uma cimeiraluso-angolana.

Nasexta-feira passada, o Diário de Notícias (DN) noticiou que RuiMachete pediu "desculpas diplomáticas" a Luanda porinvestigações do Ministério Público português a cidadãosangolanos.

O ministroadmitiu, esta terça-feira, na comissão parlamentar que a expressãoque utilizou na entrevista "não foi feliz".

A deputadabloquista também acusou Rui Machete de ter violado um "pilar doEstado de direito" e de ter colocado em causa o princípio daseparação de poderes, originando uma situação "sem retorno esem saída".

Emreposta, o chefe da diplomacia limitou-se a admitir a "existênciade visões diferentes em matéria de direito constitucional" evincou que as suas afirmações visaram a "defesa do interessenacional".

Na segundaronda de questões efetuadas pelos deputados da comissão, e apósnova insistência de Helena Pinto, o ministro dos NegóciosEstrangeiros socorreu-se de uma afirmação do ex-chefe dadiplomacia, Luís Amado, com a qual se identificou, referindo quePortugal é dos poucos países europeus onde "forçasrevolucionárias" estão representadas no Parlamento.

Dirigindo-seainda à deputada do Bloco de Esquerda, o partido que mais teminsistido na sua demissão, e após voltar a frisar as diferençasque os separam em termos de interpretação do "direitoconstitucional e filosofia política", Machete lamentou "tantotalento desperdiçado no Bloco de Esquerda", expressão quemotivou o abandono da sessão pela deputada.

Antes, RuiMachete tinha já considerado que está em curso em Portugal umacampanha sistemática de "assassinato político" contraalguns membros do Governo, através de um ataque à honra daspessoas.

O ministrode Estado e dos Negócios Estrangeiros afirmou ainda ser um "defensorconvicto da separação de poderes", negando qualquer contactocom o Ministério Público português sobre as investigaçõescriminais a cidadãos angolanos.

Redação