Vila Nova de Poiares

Câmara de Poiares denuncia dívida municipal superior a 30 milhões de euros

O presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares, João Miguel Henriques, revelou, esta segunda-feira, que "herdou" uma dívida municipal superior a 30 milhões de euros, que coloca toda a atividade autárquica numa situação "limite".

Emdeclarações à agência Lusa, o autarca socialista, que sucedeu aohistórico Jaime Marta Soares (PSD), que governou o concelho desde1974 até outubro, disse que o passivo já apurado é superior a 27,5milhões de euros, a que acresce mais dois milhões de dívida àempresa Águas do Mondego, num processo que está em contencioso.

Considerandoque a autarquia está numa "situação limite", JoãoMiguel Henriques referiu que "a tendência é para o aumento dovalor da dívida, porque todos os dias chegam à Câmara fornecedorese comerciantes a apresentar faturas, sem que exista dinheiro para asliquidar".

"Partedo tempo dedico-o a ouvir queixas de pessoas que necessitam dereceber o dinheiro que o município lhes deve, e do qual depende asobrevivência dos seus negócios, e é muito triste não ter formade lhes pagar", acrescentou.

Opresidente de Poiares adiantou ainda que não vai avançar com umaauditoria externa às contas por representar um custo que o município"não pode suportar", embora reconheça que seria umavantagem para transmitir "uma credibilidade diferente" aosnúmeros apresentados.

"Estarmosa despender mais meios financeiros não se justifica. Nós estamosmais preocupados com a dimensão dos números e em encontrar soluçõespara a situação catastrófica em que nos encontramos",sublinhou.

Acresceainda, segundo João Miguel Henriques, que o anterior executivocontraiu uma dívida de sete milhões de euros ao abrigo do Plano deSaneamento Financeiro, com um prazo de carência de três anos queentra em pagamento em 2014.

Salientandoque a receita anual do município é inferior a seis milhões deeuros, o autarca frisou que tem uma tarefa muito complicada pelafrente para endireitar as contas e questionou como foi possível"chegar a este estado".

"Quemgovernou, empurrou os problemas para a frente, para quem viesse aseguir resolver e calhou-nos a fava. Mas não atiro a toalha ao chãoe tudo farei para que quem vier daqui a quatro anos não encontre ascontas neste estado", referiu o antigo árbitro de futebol da ILiga.

Opresidente da Câmara considerou que Poiares necessita de grandesinvestimentos para colmatar défices nas infraestruturas básicas,mas a situação financeira não vai permitir a sua concretizaçãonos tempos mais próximos.

JoãoMiguel Henriques criticou ainda alguns "elefantes brancos"construídos no concelho e processos de expropriações em curso parainvestimentos "que não são prioritários, mas que o anteriorexecutivo pretendia fazer".

"Somosconfrontados com muitas expropriações para obras já efetuadas eoutras que estavam planeadas, mas já conseguimos desistir de algumase outras estamos em negociação para evitar uma catástrofe aindamaior nos cofres do município", enfatizou o autarca.

Redação