Sociedade

Transbordo de armas químicas nos Açores seria "oportunidade política"

O transbordo de armas químicas da Síria na ilha Terceira seria uma "oportunidade política" para Portugal participar num processo de paz internacional, defende o investigador Miguel Monjardino, destacando que os Açores "continuam a ser uma alavanca estratégica para o país".

"Se queremos manter a paz e a segurança internacional, todos os países têm de contribuir", salientou Miguel Monjardino, em declarações à Lusa, alegando que uma das formas que Portugal teria para participar neste processo seria a autorização de transbordo das armas em território português.

Para Miguel Monjardino, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, o transbordo a ser feito na ilha Terceira, nos Açores, seria uma "oportunidade única" para Portugal contribuir para o processo de destruição das armas químicas.

"Os Açores continuam a ser uma alavanca estratégica para o país", frisou, realçando que se o transbordo de armas químicas fosse feito na ilha Terceira chamaria a atenção para "a importância que a geografia tem para a política internacional".

Miguel Monjardino salientou, no entanto, que os Açores são apenas uma "alternativa" ao primeiro local escolhido para o transbordo, Itália.

O professor da Universidade Católica lembrou que a operação de destruição das armas químicas da Síria é "muito difícil do ponto de vista logístico", salientando que envolve muitos países.

O transbordo em si - a única fase que poderia ser feita em território português, já que a destruição será feita em águas internacionais - é uma "operação simples do ponto de vista logístico", segundo o investigador, mas "é complicado pensar no que acontece se as coisas correrem mal".

Para Miguel Monjardino, é normal que a discussão pública deste processo gere "alarme social", mas se o transbordo de armas químicas fosse feito nos Açores, o investigador não tem dúvidas de que seriam tomados "todos os cuidados ao nível de segurança e saúde pública".

"Este processo é feito por pessoas altamente competentes e profissionais", salientou.

Segundo o especialista em política internacional, a escolha de ilhas como local de transbordo das armas químicas justifica-se por serem "mais seguras" do que um porto numa grande cidade.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal anunciou na terça-feira que as autoridades norte-americanas contactaram Portugal para avaliar a possibilidade de realizar o transbordo de material químico proveniente da Síria num porto nos Açores, não havendo ainda decisão.

Segundo o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, o pedido refere-se ao porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, o mesmo concelho onde fica a base militar das Lajes, usada pela força aérea dos EUA.

O material começou a sair da Síria em 7 de janeiro, no âmbito de um acordo sobre o desmantelamento do arsenal de armas químicas do regime de Damasco.

Redação