Mogadouro

Caso da Madeira reaviva susto com menino de dois anos em Ventozelo

O caso da criança da Madeira trouxe à memória dos habitantes de Ventozelo, em Trás-os-Montes, a angústia vivida há 13 anos com o desaparecimento de um menino de dois anos encontrado a quilómetros de casa.

"Foino dia 19 de outubro. Foi um grande susto", recordou, estaquarta-feira, à Lusa a avó, Maria Olímpia Pereira, que tem passadoos últimos dias a fazer comparações entre o que viveu, em outubrode 2000, e o caso da criança de 18 meses da Madeira, que seencontrava desaparecida desde domingo e foi encontrada estaquarta-feira com vida.

O neto,Joel, tinha dois anos quando por volta da hora de almoço do dia 19de outubro de 2000 desapareceu de casa dos avós, na aldeia doconcelho de Mogadouro, no Distrito de Bragança. Foi descoberto namanhã seguinte "descalço, regelado, aninhado numa esteva"no meio do monte.

"Onosso [menino] andou, descalço, sete quilómetros", contou aavó, lembrando que a única companhia que teve foi uma cadelinha dafamília.

MariaOlímpia lembra-se bem que "foi um dia torrencial de água"[chuva] e por isso o marido, que estava "meio adoentado"não a acompanhou para a apanha da azeitona e ficou em casa a tomarconta do neto.

Quandovoltou do olival, o pequeno Joel já tinha desaparecido.

Ao avô"meteu-se-lhe na cabeça que o tinham roubado" porque acasa era junto da estrada.

Chegougente de todo o lado para ajudar nas buscas e bombeiros de Mogadouro,Miranda do Douro e Bragança.

"Andámostoda a noite. Às quatro da manhã, a Guarda disse-me para mepreparar para o pior", recordou.

No sítioonde viria a ser descoberto, "ninguém o procurava porque eramuito longe" e jamais imaginaram que uma criança de dois anoscaminhasse sete quilómetros.

A primeiraa aparecer foi a cadelinha, por volta das duas da manhã, em respostaaos chamados da mãe do Joel.

A criançafoi encontrada por acaso pelo tio-avô que foi esperar meios desocorro, que iam reforçar as operações de busca, a um cruzamento ese deparou com o menino.

Estavaencharcado da chuva e regelado, mas "são e salvo" eregressou a casa depois de ter sido observado no hospital.

Joel temagora 15 anos e a avó nunca lhe perguntou se se lembra do queaconteceu, embora vivam rodeados de recordações.

MariaOlímpia guarda "todas as fotografias" do Joel e dacadelinha que os jornais publicaram naquela ocasião.

E é aangústia que viveu há 13 anos que agora motiva perguntas ecomparações com as notícias que chegam da Madeira.

"Foiigual", observou, dando graças a Deus pelo desfecho em ambos oscasos.

Redação