A polícia chinesa fez mais de 200 detenções, ao longo de seis semanas, na região do Xianjiang pela "disseminação de "vídeos violentos ou terroristas", em clima de protestos devido aos ataques em estações ferroviárias.
A polícia do Xinjiang - região do noroeste da China de maioria muçulmana atingida frequentemente por tumultos - deteve 232 pessoas que "fizeram circular vídeos promovendo o terrorismo através da Internet e de equipamentos móveis", escreve o jornal estatal "Global Times", que cita um relatório oficial.
A administração de Xinjiang anunciou, no final de março, a proibição do ato de fazer "download", de gravar ou de disseminar online vídeos "relacionados com terror".
A interdição inclui a difusão de materiais (no suporte de áudio ou vídeo) "advogando pela violência ou terrorismo, extremismo religioso e separação de grupos étnicos", de acordo com o "Global Times".
As detenções ocorrem depois de uma série de violentos incidentes ocorridos no interior e fora do Xinjiang, cuja culpa foi atribuída pelas autoridades chinesas aos "separatistas" da região.
No final do mês passado, três pessoas morreram, incluindo dois atacantes, e 79 ficaram feridas num ataque a uma estação ferroviária em Urumqi, capital da região autónoma do Xinjiang, depois de, em março, se terem registado 29 mortes e 143 feridos num ataque à faca numa estação de comboios na cidade de Kunming, descrito por medias oficiais chineses como uma espécie de 11 de setembro.
O Xinjiang é um território cerca de 17 vezes maior que Portugal e com apenas 23,5 milhões de habitantes, muito rico em recursos minerais, que confina com o Afeganistão, Paquistão e várias ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
Os uigures, um povo de religião muçulmana e cultura turcófona, constituem cerca de 45% da população, mas o número de han, a principal etnia da China, tem vindo a aumentar muito ao longo do último meio século.
Os uigures queixam-se de pressões e perseguições por parte das autoridades e de uma política repressiva face à sua religião e cultura.
Desde 2009 a região é palco frequente de violência, a qual se intensificou nos últimos meses e é classificada por Pequim como fruto de atos "terroristas" que atribui a movimentos separatistas e islamitas.