As urnas para a segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau abriram às 7 horas (8 horas em Portugal Continental), mas a vontade de mudança depois do golpe de Estado de 2012 levou alguns eleitores para a rua ainda de madrugada.
Trêshoras antes de começar poder escolher um candidato já EduardoGomes, 44 anos, estava à espera junto ao local de umas das mesas devoto da capital.
"Estoucheio de emoção", disse à Lusa pouco antes de votar, como sedisso dependesse o resto da vida.
Votou emtodas as eleições desde que o multipartidarismo foi instituído, em1994, mas conta que desta vez a situação é mais grave, após doisanos de crise profunda provocada pelo golpe de Estado de abril de2012.
"Soufuncionário do Ministério das Finanças e temos quatro meses desalário em atraso. Temos crianças a estudar, precisamos do dinheiropara pagar a escola, consultas e outras coisas", relatou.
A soluçãovai sair das urnas de voto: "espero que todos os guineensesvotem para mudar a porcaria que temos nesta terra", realçou.
Quem chegavai sinalizando o lugar na fila (com uma pedra, uma garrafa ou outroobjeto) para depois se juntar aos grupos que vão conversando noespaço em redor.
Todosfalam do mesmo, da esperança num futuro melhor.
"Oque todos almejamos é que este seja um país próspero", refereBernardino Mango, 56 anos, que chegou pelas 6 horas para votar.
"Votoporque o país precisa de uma mudança radical para melhor" elargar definitivamente os lugares de fundo de tabela que o colocamsempre como um dos mais pobres do mundo.
Maria deFátima Almada, 54 anos, sente as dificuldades todos os dias aocuidar da família e é por isso que saiu de casa cedo, cheia devontade de votar.
"Pensoque toda a gente deve votar, mesmo os que estiverem doentes. Deviammandar a urna até eles", referiu, porque "o importante évotar para tirar a Guiné-Bissau do estado em que está".
A maioriados eleitores registados são mulheres, mas Maria de Fátima e umaamiga são as únicas numa fila constituída por homens poucosminutos antes das 7 horas.
Cerca de800 mil guineenses vão decidir hoje quem deve ser presidente entreJosé Mário Vaz, apoiado pelo Partido Africano da Independência daGuiné e Cabo Verde (PAIGC), candidato mais votado na primeira volta,e Nuno Nabian, com apoio do Partido da Renovação Social (PRS),principal partido da oposição.
São asprimeiras eleições depois do golpe de Estado de abril de 2012, apar das legislativas de 13 de abril que deram a vitória com maioriaabsoluta ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde(PAIGC).