A polícia recebeu mais de 5700 queixas por furtos de carteiristas cometidos em Lisboa, durante 2013, o que representa um prejuízo superior a dois milhões de euros, segundo um relatório policial.
"O valor dos bens subtraídos e declarados por parte das vítimas em 5779 crimes ascende os 2.042.354,90 euros. Existe [ainda] uma cifra negra em relação ao valor declarado e o valor real dos bens subtraídos. Por vezes, as vítimas não atribuem valor aos objetos subtraídos", refere um relatório da Divisão de Investigação Criminal de Lisboa, datado de 22 de julho, a que a Lusa teve acesso.
Analisando os dados do relatório, verifica-se que janeiro e fevereiro foram os meses em que ocorreram menos furtos (271 e 320 respetivamente), enquanto junho (613) e agosto (671) registaram o maior número deste tipo de crimes.
Em cada um dos meses de junho, julho e agosto foram furtados bens superiores a 200 mil euros. Os três meses representam 670 mil euros do total dos mais de dois milhões de euros de prejuízos.
Sábado foi o dia da semana em que ocorreu o maior número de furtos por carteiristas.
O período do dia em que ocorreu um elevado número de furtos situa-se entre as 12 e as 20 horas. No entanto, a partir de abril, o período das 8 às 12 horas teve um aumento substancial na prática destes furtos.
O relatório justifica o número de furtos registados entre as 0 horas e as 4 horas, em junho, com a "existência das festas dos santos populares e festivais de verão ao ar livre", que decorreram na cidade de Lisboa.
As vítimas de nacionalidade estrangeira "foram os alvos preferidos" dos carteiristas ao longo de 2013, à exceção de janeiro e fevereiro, meses em que houve mais vítimas de nacionalidade portuguesa.
Numa análise particular sobre as vítimas de nacionalidade portuguesa, as mulheres são o "alvo preferido dos carteiristas", representando o dobro relativamente aos homens portugueses.
Em relação às vítimas estrangeiras, não há uma grande diferença entre homens e mulheres. Março é a exceção, mês em que houve uma elevada discrepância: 96 homens e 166 mulheres vítimas de furto.
Os dados demonstram ainda que as vítimas têm idade igual ou superior a 21 anos, sendo a faixa etária entre os 51 e os 65 anos, a que se destaca ligeiramente em relação às restantes.
"Com esta análise, pretende-se obter uma melhor caracterização do modo de atuação, características dos suspeitos e das vítimas, sinalizar os locais mais fustigados e o grupo data/hora em que ocorre o maior fluxo de furto por carteirista", salienta o relatório.
Para a polícia, estes dados "permitirão direcionar o policiamento e a tomada de medidas de prevenção mais eficazes".