O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou esta quinta-feira que vai manter a greve nacional, marcada para sexta-feira e dia 21, apesar do apelo do Governo para reconsiderar as datas, devido ao surto de legionela, mas, solicitou, entretanto uma reunião coma tutela, ainda esta quinta-feira.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) solicitou ao Ministério da Saúde a realização de uma reunião conjunta "ainda hoje", tendo em conta a carta enviada quarta-feira pelo Ministério da Saúde a solicitar a reprogramação da greve.
Numa missiva dirigida ao ministro da Saúde, e disponível no site do SEP, pode ler-se a solicitação do sindicato de uma "reunião conjunta", a realizar "face ao atual contexto", motivada pelo pedido do Ministério da Saúde para reconsiderar as datas da greve nacional devido ao surto de 'legionella',
Contactado pela Lua, fonte do gabinete do ministro da Saúde não confirmou a realização da reunião, que foi solicitada pouco depois de o SEP ter anunciado a intenção de manter a greve nacional, marcada para sexta-feira e dia 21, respondendo negativamente ao apelo do governo para reconsiderar as datas do protesto.
A decisão foi anunciada esta quinta-feira em conferência de Imprensa, no final de uma reunião dos dirigentes do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) que se realizou para avaliar o apelo do Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde pediu ao SEP para reconsiderar as datas da greve nacional, tendo em conta o "cenário extraordinário" do surto de legionela.
Numa carta, com data de quarta-feira citada pela Lusa, o ministério afirma recear que a greve, a acontecer nos dias anunciados, "possa comprometer a prestação de cuidados de saúde", considerando que estão em causa "necessidades em saúde indispensáveis e inadiáveis".
"Sem questionar o direito constitucional à greve, solicita-se que, tendo em conta o interesse público e o cenário epidemiológico extraordinário atual, se dignem avaliar a oportunidade da paragem laboral já decretada, as consequências nos cuidados prestados às pessoas e a perceção social sobre a greve e os seus riscos", refere a carta, assinada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira.
O ministério argumenta que o surto de legionela "ainda não se encontra debelado, podendo ainda aumentar o número de doentes com necessidade de cuidados de saúde" bem como a necessidade de recursos humanos, nomeadamente enfermeiros.
Indica ainda que não é possível estimar a evolução do número de infetados por 'legionella', nem quantificar o número de enfermeiros indispensáveis para assegurar os cuidados de saúde exigidos.
"(...) nesta situação de desafio excecional torna-se ainda mais importante que todos os agentes do setor demonstrem o grau de profissionalismo e responsabilidade que tem sido a chave do sucesso na resposta aos desafios do momento", refere também a carta dirigida ao presidente do SEP.
O SEP anunciou no início da semana uma greve nacional de dois dias, esta sexta-feira e dia 21 deste mês, em protesto pelos cortes salariais nas horas extraordinárias, exigindo a progressão na carreira e a reposição das 35 horas de trabalho semanais.
O surto de legionela com origem no concelho de Vila Franca de Xira infetou, até quarta-feira, 302 pessoas e o número de mortos pode subir para nove, segundo dados oficiais.
Num comunicado com a situação atualizada até às 15 horas de quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) fala também em nove mortes, explicando que cinco deles morreram de facto devido à legionela e que os outros quatro permanecem em investigação.