É indubitável a importância da educação na formação pessoal de um indivíduo. Trata-se de um tema intemporal que foi e continua a ser abordado na literatura.
Assim, por exemplo, na obra Os Maias de Eça de Queirós, através de uma estratégia naturalista, analisa-se a influência da educação na personalidade das personagens.
A educação de Pedro da Maia pelo padre Vasques é influenciada pela mãe, Maria Eduarda Runa. É uma educação tradicional, latinista, de cartilha, mórbida, beata, devota, doentia, piegas, que torna Pedro indiferente a tudo: um apático, um melancólico, incapaz de suportar e reagir a um choque emocional. Esta educação será determinante para o seu suicídio.
Na verdade, a caracterização de Pedro é tipicamente naturalista: está na obra para comprovar uma tese - o fator religioso, os fatores de hereditariedade e de meio são determinantes no caráter do indivíduo.
Do mesmo tipo é a educação de Eusebiozinho, contemporâneo de Carlos, mas cujo programa educativo se situa no lado oposto.
De facto, Carlos da Maia tem uma educação diferente. Sob a alçada do seu avô, Afonso da Maia, Mr. Brown, ministra-lhe uma educação que pretende desenvolver uma "alma sã num corpo são". Trata-se de um programa britânico, que defende o contacto direto com a natureza, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas e das ciências experimentais, desprezando a educação "de cartilha" e todo o conhecimento exclusivamente teórico.
Apesar desta educação, Carlos falha, porque se encontra desinserido do meio, isto é, teria sido uma educação positiva se Carlos vivesse em Inglaterra, mas o seu temperamento portuguesmente mole e a sociedade que o rodeia levam Carlos a tornar-se como os outros: um diletante, que projeta, mas não realiza.
Em conclusão, o indivíduo é influenciado por vários fatores: genética, família, amigos, sociedade. A educação é um dos fatores a ter em conta. Há que refletir sobre estes aspetos e apostar na educação.
* Professora de Português e formadora para a área da língua portuguesa