Mais de 100 habitantes de bairros do Porto sobem este fim de semana ao palco do Teatro D. Maria II, em Lisboa, integrados em dois projetos artísticos comunitários.
O primeiro espetáculo a apresentar-se ao público, no sábado pelas 21 horas, chama-se "MAPA - O Jogo da Cartografia" e baseia-se num texto da poetisa e dramaturga Regina Guimarães. Segundo a autora, citada pela agência Lusa, o projeto pode ser considerado um "exercício de democracia participativa embora ninguém lhe tenha colado essa etiqueta".
Ainda de acordo com a dramaturga, a peça espelha "o mais fielmente possível os desabafos e os sonhos de indivíduos singulares".
A encenação é uma coprodução da associação artística Pele - Espaço de Contacto Social e Cultural, da Casa da Música e do Teatro Nacional São João, sendo esta performance dirigida por Hugo Cruz.
No domingo, pelas 16 horas, o teatro recebe o espetáculo "Nós", uma adaptação da obra "A Máquina de Fazer Espanhóis", do escritor Valter Hugo Mãe e com direção de João Pedro Correia.
De acordo com a informação prestada pela estrutura artística do Porto, "este é um espetáculo bilingue, em língua gestual portuguesa e língua portuguesa, que procura que as barreiras entre as comunidades surda e ouvinte sejam ultrapassadas".
Criada em 2007, a Pele "aposta na afirmação do teatro enquanto espaço privilegiado de diálogo e criação coletiva" e pretende "colocar os indivíduos e as comunidades no centro da criação", pode ler-se na sua página da Internet.
Em janeiro, esta associação cultural desenvolveu ações com 160 reclusos, entre os 18 e os 30 anos, de modo a contribuir para a reinserção destes mesmos indivíduos na sociedade.