2004

Enki Bilal, o cineasta que surgiu da BD

"Imortal", é o terceiro filme de Enki Bilal, um realizador que veio da banda desenhada. É um drama de ficção científica que estreou esta semana nas salas nacionais.

Enki Bilal,filho de mãe checa e pai bósnio, nasceu a 7 de Outubro de 1951 em Belgrado, onde viveu até aos 9 anos, quando a sua família se mudou para Paris, onde descobriu o cinema e a BD, tendo publicado os primeiros trabalhos na "Pilote", em 1972. O encontro com Pierre Christin foi decisivo, tendo criado com ele ficções políticas como "O Cruzeiro dos Esquecidos", "As Falanges da Ordem Negra" ou "A Caçada", esta última uma lúcida antecipação da queda do regime comunista na URSS.

Em 1980 assina a primeira obra a solo, "A Feira dos Imortais", que com "A Mulher Armadilha" e "Frio Equador" constitui a "Trilogia Nikopol", que a ASA vai editar em breve num volume. O início dos anos 90, veria nascer "O sono do Monstro", o primeiro tomo de nova trilogia, entretanto aumentada com "32 de Dezembro", na qual Bilal revisita, de forma metafórica, num futuro realista, as convulsões recorrentes do seu país natal e a questão do terrorismo .

Possuidor de traço inconfundível, Bilal foi distinguido com o Grande Prémio de Angoulême em 1987. Definindo-se como artista multimédia, transportou para o cinema todas as suas inquietações, em "Bunker palace Hotel" (1989) e "Tykho moon" (1996), a que se junta agora "Imortal", cujos cenários foram integralmente construídos em computador. Livremente inspirado na sua "Trilogia Nikopol", tem como principais intérpretes Linda Hardy, Charlotte Rampling e Thomas Kretschmann, e narra um estranho triângulo amoroso constituído por Horus, o deus egípcio com reacções humanas, Jill Bishop, uma mutante, e Alcides Nikopol, despertado de um sono de 30 anos, numa Paris futurista controlada por um regime totalitário.

F. Cleto e Pina

Redação