Oabastecimento de água potável da ilha do Porto Santo é feito através de uma central dessalinizadora. Com um clima temperado quente e seco, o problema da água sempre foi uma preocupação constante das entidades oficiais. Como os recursos hídricos naturais da ilha não eram suficientes, foi decidido construir uma central que filtra a água do mar. Um processo considerado caro, mas reconhecido como última alternativa possível para uma ilha onde vivem permanentemente cerca de cinco mil habitantes, mas que, no Verão, tem uma população superior a 25 mil pessoas. Foi a previsão de fluxos turísticos que determinou, na década de setenta, os estudos para esta opção, dada a escassez de recursos hídricos, baseados "nalgumas nascentes de pequeno caudal e algumas noras de baixa produção".
Preços subsidiados
Propriedade do Governo Regional da Madeira e gerida pelo IGA - Investimentos e Gestão da Água, SA, a Central Dessalinizadora do Porto Santo começou a funcionar em 1979, tendo sido a primeira na Europa e uma das primeiras no Mundo a utilizar o processo de filtragem por osmose inversa (ver página anterior).
Ao longo dos anos, tem sofrido diversas obras de ampliação. Desde 1996 que a infra-estrutura tem sofrido alterações, produzindo actualmente seis mil metros cúbicos de água potável por dia, contra os 500 metros cúbicos diários com que entrou em serviço.
O presidente do Conselho de Administração da IGA, Pimenta de França, refere que a solução encontrada foi a última alternativa, já que este processo de produção de água potável é considerado "muito caro, mesmo utilizando economias de escala" (a central funciona de forma ininterrupta 24 horas por dia). Salienta que um metro cúbico de água custa um euro à saída da central.
A este custo há que acrescentar os que resultam da distribuição do líquido por toda a ilha. Segundo os dados avançados por Pimenta de França, o consumidor paga por metro cúbico relativamente o mesmo preço que os restantes consumidores do resto do país. Os dados avançados por este responsável apontam que cada porto-santense paga 0,04 cêntimos por consumo mínimo (o equivalente a um metro cúbico). O que o leva a assumir que com estes preços a água "é altamente subsidiada".
Para fazer face a estes custos, foram construídas em toda a ilha outras infra-estruturas que, de alguma forma, permitem atenuar estas despesas. Assim, a jusante de todo este investimento, foram construídos depósitos para armazenamento de água - o maior consumo regista-se nos meses de Verão - , bem como uma estação de tratamento de águas residuais, que depois são aplicadas na rega de campos e nas lavagens (a ilha possui um campo de golfe que é regado com esta água reciclada), "Só assim é que podemos rentabilizar de alguma forma a produção de água potável. Utilizamos os recursos de forma combinada", assegura. Só assim é que raramente se registam rupturas no consumo de água potável, já que a capacidade de produção da central dessalinizadora não seria suficiente para abastecer a ilha.
Nos últimos tempos, com a seca que se tem registado no país, há quem refira o exemplo de Porto Santo. Pimenta de França não comenta. "Cada caso é um caso".
* Com Alfredo Maia