2005

Baixa natalidade não garante a renovação das gerações

Helena Norte textos

Oíndice de natalidade em Portugal atingiu, no ano passado, um valor mínimo, acentuando, ainda mais, a tendência de envelhecimento da população. Embora o saldo entre nascimentos e óbitos ainda seja positivo, a baixa fecundidade das portuguesas não assegura a renova- ção das gerações e o número de idosos já ultrapassa o de crianças.

Os últimos indicadores demográficos do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam um índice sintético de fecundidade (número de filhos por mulher em idade fértil) abaixo de 1,4. Há 30 anos, esse índice era de 2,1 filhos por mulher - que é precisamente o valor mínimo para a renovação das gerações se concretizar.

Cruzando os números de nados-vivos com o de óbitos obtém-se o saldo natural. O saldo demográfico em Portugal, manteve-se positivo, em 2004, apesar de se terem registado menos nascimentos (2,9%), porque verificou-se, em simultâneo, a diminuição das mortes, o que pode ser explicado pela expansão da longevidade. Negativa está já a relação entre idosos (mais de 65 anos) e crianças (até 14 anos). A franja mais velha da população ultrapassa em 140 mil o grupo dos mais novos.

A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) fez as contas às crianças necessárias à renovação das gerações e concluiu que o "buraco demográfico", desde 1982, é de 870862. Pelos cálculos da APFN, em 2004 nasceram menos 55 mil bebés (uma média de 152 por dia) do que era preciso para a renovação geracional.

Outro dado demonstrativo das actuais tendências sociais é a idade da mulher quando tem os filhos. Analisando as estatísticas de 2004, verifica-se que as mulheres até aos 30 anos têm cada vez menos filhos. A natalidade só aumentou nas faixas etárias mais elevadas (designadamente, a partir dos 40 anos), embora com números pouco expressivos no total. A idade média da mulher ao nascimento do primeiro filho é de 27,5 anos.

Outro indicador em queda é o casamento. Em 2004, celebraram-se menos 4557 matrimónios do que no ano anterior (menos 8,5% em comparação com 2003). Embora a maioria dos portugueses ainda se case pela igreja Católica, os matrimónios religiosos são os que registam uma descida mais acentuada (menos 12,3%). Pelo contrário, os divórcios estão em alta. No ano passado, dissolveram-se 23348 casamentos (mais 2,3% do que em 2003), na esmagadora maioria dos casos por mútuo consentimento. Os divórcios litigiosos diminuíram 16,4%.

Redação