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Inscrições para rastreio da pele no IPO de Lisboa esgotaram

Rastreio do cancro da pele no IPO de Lisboa ANDRÉ KOSTERS / LUSA

"É como os espetáculos de música rock, são logo esgotados no primeiro dia", diz a diretora de dermatologia do IPO de Lisboa sobre os rastreios gratuitos no âmbito do dia do Euromelanoma.

Em todo o país, 44 serviços de dermatologia estão, esta quarta-feira, a fazer rastreios gratuitos ao cancro da pele, no âmbito do dia do Euromelanoma.

O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa é um dos serviços e abriu na semana passada 90 vagas, que foram preenchidas em menos de 24 horas. Apesar disso, esta quarta-feira o telefone continuava a tocar incessantemente com pessoas a tentarem ainda marcar o seu rastreio.

"É como os espetáculos de música rock, são logo esgotados no primeiro dia", diz a diretora do serviço de dermatologia do IPO, Manuela Pecegueiro, que não se surpreende com a procura, já que, durante o ano, a afluência é grande por parte de pessoas com suspeitas de cancro, muitas vezes em consequência da falta de cuidado com o sol.

"Vêm todos muito preocupados com o escaldão e com os cuidados a ter com o sol, mas estou convencida de que muitos não cumprem, até porque alguns têm sinais de agressão solar, mesmo não tendo cancros da pele", afirmou à Lusa.

Por isso, sublinha que o principal objetivo do rastreio é transmitir a mensagem de que "o sol é um pau de dois bicos, faz bem à saúde, mas também pode fazer mal", e é preciso prevenir o aparecimento de cancros de pele.

Segundo a médica, esta mensagem tem de ser continuamente repetida, porque, de uma maneira geral, os portugueses continuam a não ter cuidado.

"Ou os portugueses são surdos ou acham que só acontece ao vizinho do lado, e nunca lhes acontece a eles. Ainda há pouco um doente me dizia que vinha cá preocupado consigo próprio, mas que passava à hora de almoço na praia de Carcavelos e a praia estava cheia, incluindo crianças. Por isso penso que a mensagem tem de se continuar a transmitir para ultrapassar as barreiras", afirmou.

Dois dos utentes que foram hoje ao serviço do IPO, e com quem a Lusa falou são exemplo disso, pois, para ambos, esta foi a primeira vez que fizeram o rastreio e apenas porque apanharam sustos.

Paulo Camilo já teve um basiloma e, com o aparecimento de umas novas manchas, ficou preocupado e foi verificar se seriam sinais de risco. "Surgiu um ponto no nariz, a ferida não cicatrizava e decidi ir ao médico. Foi assim que foi detetado [o basiloma]", explicou, acrescentando que as manchas que lhe surgiram agora na pele deixaram-no logo em alerta, mas "felizmente não são perigosas e vão desaparecer com o tempo".

Quanto a cuidados de prevenção, admite que não os tinha, mas agora usa "creme protetor com fartura, especialmente no verão, mas no inverno também".

Com Maria José Leitão foi ligeiramente diferente: o caso não se passou consigo, mas com o pai. No entanto foi suficiente para deixar toda a família em alerta. "Era um sinal que o meu pai tinha, foi reencaminhado para o tirar cá, tirou-o e achámos que devíamos ver para prevenir. Eu vim hoje e os meus irmãos também vêm cá fazer um rastreio", disse.

Maria José Leitão reconhece contudo que nem sempre teve cuidado com o sol. Agora, "meto todos os dias protetor solar e tenho mais cuidado para não apanhar sol nas horas piores".

O problema, como explica a médica Manuela Pecegueiro, é que "a pele tem memória e não se vai esquecer nunca do escaldão". "Mais tarde ou mais cedo, vai reclamar".

Redação