A horas do início da final, sucediam-se as notícias de feitos portugueses no desporto: Sara Moreira campeã da Europa da meia-maratona. Rui Costa segundo na etapa do Tour. Patrícia Mamona medalha de ouro no triplo salto. Portugal parecia dopado. Bom sinal.
Vão surgindo novidades. A cantora Ágata partilha nas redes sociais uma imagem de apoio à seleção nacional onde surge com um biquíni com as cores da bandeira portuguesa. A boa notícia é que Ágata tinha prometido tirar a bandeira se o Pauleta marcasse.
Entretanto, chegam imagens de uma praga de traças que invadiu o Stade de France antes da final. Provavelmente, vêm devorar uma velha tradição. Todos estes pequenos sinais pareciam indiciar que ia ser um dia especial para nós. Só a SIC Notícias destoava. Escolher Boa Morte para comentar a seleção, antes da final, é brincar com a sorte.
O jogo começava com drama. Uma entrada assassina de Payet a CR7, não assinalada pelo árbitro "ingalês", tirava de campo Ronaldo. Era essa a táctica francesa. Via-se na cara de Payet que não tinha dormido toda a noite com os telefonemas de Platini. Tirar Ronaldo do jogo devia dar direito a receber o dinheiro do bilhete da final de volta. Malditos franceses que acabaram com o Ronaldo. Mereciam que lhes fizéssemos o equivalente. Ou seja, rebentar-lhes o Louvre.
Fomos secando lágrimas, e o Rui Patrício remates franceses, e chegámos ao intervalo com o clássico nulo. Na segunda parte estivemos melhor mas fomos salvos por um poste, que reza a lenda foi feito em Paços de Ferreira. Íamos para mais 30 minutos, pela terceira vez neste Europeu. Estávamos como queríamos. A nossa seleção de futebol são 23 homens da maratona.
Aos 107 enviámos uma bola à barra e ainda a baliza se recompunha e já o herói improvável da nação, Éderzão, marcava. Festejei com a inconsciência de quem sabe que acabam de arder vinte piadas sobre o Éder.
O jogo chegava ao fim. A Taça era nossa. Com o caneco! Estava a obra do Engenheiro terminada. Fernando Santos merecia um anexo no Panteão.
Queriam ver as lágrimas salgadas de Cristiano, chora melhor quem chora no fim. A seleção foi enorme e nem sequer deu para vencer sem merecer ganhar. Foi mais que merecido. O meu único medo é que mandem a taça para o Museu da Presidência e nunca mais a vemos.
Agora é iluminar a Torre do Tombo com as cores da bandeira francesa e festejar como se este fosse o último Europeu das nossas vidas. Viva Portugal!
Argumentista