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Padre morto em ataque do Estado Islâmico em igreja francesa

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Dois homens armados com facas fizeram, esta terça-feira, reféns numa igreja perto de Rouen, em França. Os dois foram abatidos, mas mataram um padre. Estado Islâmico assumiu o ataque.

Segundo avançou a Reuters, cinco pessoas estiveram sequestradas na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, cidade dos arredores de Rouen, na região da Normandia.

O ataque aconteceu durante a missa, esclarece o jornal "Le Figaro", que confirma que os reféns eram um padre, duas freiras e dois fiéis.

O padre, Jacques Hamel, de 84 anos, foi degolado. Era um clérigo estimado na comunidade de Saint-Etienne-du-Rouvray, e que foi até protagonista de uma reportagem, hoje republicada no Youtube pelo Instituto Nacional do Audiovisual francês, como forma de homenagem.

Um porta-voz do ministério do Interior disse ao canal BFM TV que uma pessoa ferida no sequestro, que começou perto das 9.45 horas (8.45 horas em Portugal continental), se encontra "entre a vida e a morte".

Trata-se de uma mulher, que foi atacada também com uma faca. Os outros três foram libertados, sãos e salvos.

Foi outra freira que se encontrava na igreja no momento em que os atacantes entraram, mas que conseguiu escapar, quem deu o alerta.

"Vieram de repente. Falavam árabe. Vi uma faca e fugi quando começaram a atacar o padre Jacques. Nem sequer se deram conta que fugi", contou a freira ao "Le Figaro".

Pouco depois, uma operação policial foi montada no local. As forças especiais intervieram e os dois atacantes foram abatidos, segundo o governo francês. Tudo terá demorado cerca de 40 minutos.

O porta-voz do governo esclareceu que os dois atacantes saíram da igreja, que estava cercada, e foi aí que foram baleados pelas forças policiais.

Estado Islâmico reivindica ataque

O presidente François Hollande, já no local, disse à imprensa que os dois reclamaram fazer parte do Estado Islâmico e condenou o "ignóbil atentado terrorista".

Pouco depois a agência de informação "Amaq", ligada ao grupo islamita, veiculou que o Estado Islâmico reivindicou o ataque de "dois soldados" seus.

Um deles foi reconhecido e está identificado

O "Libération" adianta que um dos terroristas foi logo reconhecido pela polícia local. Trata-se de um jovem de 19 anos, de nome A.K., que já tinha tentado deslocar-se para a Síria. Tentou a ida via Suíça e Turquia, mas ficou retido em Istambul, em maio de 2015. Foi expulso pelas autoridades turcas e transportado para a Suíça. Depois foi extraditado para a França, em 2015, onde ficou preso.

Em março de 2016, foi-lhe concedida liberdade condicional e colocada uma pulseira eletrónica, com autorização para sair de casa das 8.30 horas às 12.30 horas. Na altura, o procurador tentou recorrer da decisão de o libertar, mas o tribunal não voltou atrás.

Ao fim do dia, o procurador responsável pelo inquérito, François Mollins, confirmou que um dos atacantes é Adel Kermiche, de 19 anos, nascido em território francês. Vivia em Saint-Etienne-du-Rouvray com os pais.

O segundo atacante ainda não foi formalmente identificado, referiu, em comunicado à imprensa, François Mollins.

Em comunicado, o ministério público de Paris indicou ter atribuído a investigação do caso à subdireção antiterrorista e a direção-geral de segurança interna francesas.

Este sequestro ocorre num contexto de grande tensão em França, duas semanas depois do ataque em Nice (sudeste), a 14 de julho, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Com Agências

Miguel Conde Coutinho e Ivo Neto