Desporto

A transexual que agita Itália

Tiffany Abreu DR

Tiffany Abreu era homem, jogou no Esmoriz e hoje atua na liga feminina em Itália.

Tiffany Abreu, de 32 anos, diz muito pouco aos seguidores do voleibol português, mesmo a quem praticou a modalidade no Esmoriz durante a época 2008/ /09. Mas o nome Rodrigo Pará tem um significado muito especial para os adeptos e os antigos atletas daquela equipa. Não é confuso, é mesmo assim. Tiffany Abreu é uma mulher, depois de se ter submetido a uma operação de mudança de sexo; antes era simplesmente Rodrigo Pará. Foi assim que se destacou no Esmoriz e depois transferiu-se para Espanha. Hoje, esta brasileira brilha no Golem Palmi, em Itália.

O caso está a abalar o voleibol e há quem questione a legitimidade de esta atleta competir numa equipa feminina, porque alegadamente tem mais capacidade física do que as adversárias. Tiffany mede 1,98 metros (a rede está colocada a 2,24 metros) e muitos treinadores consideram que a presença dela no campo melhora a performance da equipa. "Sabia das orientações sexuais dele, mas foi uma surpresa quando soube que se tinha submetido a uma mudança de sexo. Se ele não se sentia bem com o corpo que tinha, só temos de louvar esta atitude. Estamos a falar de alguém que lutou muito por um objetivo e alcançou-o", explica ao JN Luís Sousa, capitão de equipa do Esmoriz quando Rodrigo Pará era uma das estrelas da equipa.

A mudança de sexo foi feita em 2014 e Luís Sousa acompanhou o processo através de uma amizade ligada nas redes sociais. "Era um colega muito divertido e reforçava o espírito de grupo. Jogava a titular e era muito forte", recorda.

Um atleta transexual em alta competição não é um caso inédito, mas o assunto está a agitar o voleibol italiano. O treinador do Golem Palmi refuta qualquer crítica e explica que Tiffany "perdeu 60% da sua força" após o tratamento hormonal: "Antes, saltava até 3,60 metros, agora apenas 3,15 metros". Mesmo assim, este caso promete.

NORBERTO A. LOPES