Os resultados das legislativas na Holanda, nos quais o partido do candidato de extrema-direita, Geert Wilders, foram recebidos com alívio pela generalidade da Imprensa francesa.
"Se forem confirmados, os resultados das legislativas são um grande alívio para os partidos tradicionais na Europa - sobretudo em França - que se interrogam sobre os limites potenciais da subida do voto Marine Le Pen", considera o jornal "Le Figaro", na edição impressa desta quinta-feira.
O diário descreve uma "deceção para o líder anti-Islão e anti-imigração de extrema-direita Geert Wilders que esperava criar a surpresa" e "incarnar a terceira rebelião antissistema do Ocidente após o "Brexit" e a vitória de Donald Trump nas presidenciais americanas".
O "Le Figaro" sublinha, ainda, que a taxa de participação estimada em 81% é um "valor interessante e tranquilizador para a democracia holandesa", lembrando que "logo após o anúncio dos resultados, a chancelaria federal alemã felicitou a Holanda pelo resultado 'fantástico'" e que o presidente francês "François Hollande fez a mesma coisa saudando uma nítida vitória contra o extremismo".
Tal como a França com eleições presidenciais a 23 de abril e 7 de maio e eleições legislativas em junho, "os alemães preparam-se para votar em setembro, com a Alemanha a ser também atravessada por um descontentamento populista ligado aos problemas colocados pela imigração, o afluxo dos refugiados sírios e os recentes atentados terroristas", completa.
Na sua página da internet, o canal televisivo France 24 também destaca um "alívio na França e na Alemanha", reiterando a reação da presidência francesa que felicitou Mark Rutte "pela sua nítida vitória contra o extremismo".
"Estes resultados são um alívio para os partidos tradicionais na Europa, nomeadamente em França e na Alemanha onde os partidos de extrema-direita vão de vento em popa nas sondagens para as eleições deste ano".
Também na edição online, o Le Monde titula "na Holanda, um voto para a Europa, um voto contra os extremistas", sublinhando que "a vitória do VVD nas legislativas foi saudada por vários dirigentes europeus para quem o escrutínio era visto como um teste".
"O Partido para a Liberdade (PVV), eurocético e 'islamófobo', de Geert Wilders só conseguiu um segundo lugar. Uma deceção para a formação de extrema-direita, creditada há meses com um resultado largamente superior e cujo líder já sonhava ser primeiro-ministro", escreve o Le Monde.
O Le Parisien fala em "aposta perdida para a extrema-direita", ainda que sublinhe que "o partido eurófobo, xenófobo e islamófobo progrediu bastante".
O jornal económico Les Echos destaca que as legislativas da Holanda tinham sido consideradas como um "teste para a Europa" e que se "evitou o pior" já que "os holandeses votaram em massa neste escrutínio onde o resultado do deputado antissistema, antieuropeu e anti-Islão, Geert Wilders, era visto como um barómetro do aumento do populismo na Europa".
"Após o Brexit no Reino Unido e a vitória de Donald Trump nas presidenciais americanas, o voto dos holandeses parece acabar com a espiral, antes de outras eleições de alto risco em França, na Alemanha e na Itália", lê-se na edição online do diário.
O partido VVD liderado pelo primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, venceu as eleições de quarta-feira, ao conquistar 33 assentos, com 94,3% dos votos contados. O PVV de Geert Wilders obteve 20 (15 na anterior legislatura), enquanto o Apelo Democrata Cristão conseguiu 19 deputados), como o partido Democracia D66.