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Emigrantes lusos apreensivos com violência em Caracas

Confrontos em Caracas durante manifestação da oposição Marco Bello/Reuters

Na Venezuela cresce a tensão entre apoiantes e opositores do regime de Nicolas Maduro.

Esta quinta-feira, a Polícia Militar cortou os principais acessos a Caracas para impedir que uma manifestação contra o Governo marchasse até ao centro da capital. Vários portugueses viram-se apanhados na confusão e estão apreensivos com a escalada de violência.

"O que me estão a dizer de lá é: "Oxalá não morra ninguém"", contou ao JN Sílvio Oliveira, presidente do Centro Social Luso Venezuelano, que está em permanente em contacto com familiares e amigos em Caracas. "Há uma contestação muito grande. Hoje toda a gente pensava que ia ser um grande protesto, mas os militares vieram para a rua. Está muito complicado e há muita violência."

Milhares de manifestantes, conduzidos pelo líder da oposição, Henrique Capriles, tentaram entrar em Caracas, mas foram barrados pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB), que cortou os principais acessos à cidade, noticia a Reuters.

Mesmo assim, a oposição juntou, segundo os organizadores, mais de cinco mil pessoas, que tomaram a autoestrada Francisco Fajardo, desde Altamira (leste), até ao centro, junto à Defensoria do Povo (espécie de procuradoria popular).

À chegada ao El Recreo (centro-leste) os GNB colocaram uma barreira com grandes camiões, impedindo a circulação em ambos os sentidos (oito faixas) e atacaram os manifestantes com gás lacrimogéneo e jatos de água, enquanto jovens opositores, vários deles encapuçados, atiravam pedras contra as forças de segurança.

Além de El Recreo, há registos também de repressão policial em Bello Monte, Chacao, Chacaíto e Altamira.

Esta recente escalada de tensão foi espoletada pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça de assumir as funções do Congresso, onde a oposição a Maduro tem a maioria. Apesar de, face à grande contestação, a medida ter sido rapidamente revertida, os opositores ao regime de Maduro não abandonaram os protestos.

Estima-se que haja mais de 300 mil portugueses e lusodescendentes na Venezuela que, segundo Sílvio Oliveira, "estão muito apreensivos com tudo isto", "Falta de tudo: medicamentos, farinhas, bens de primeira necessidade... Falta tudo", reforça.

TIAGO RODRIGUES ALVES