O antigo hospital psiquiátrico de Paredes de Coura, desactivado desde 2002, foi há dias fechado cadeado, na sequência de uma notícia do Jornal de Notícias (publicada em 25 de Abril) sobre o abandono de processos de doentes e outra documentação no interior daquele edifício. A administração do Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM), que actualmente se debate com um complexo processo burocrático com vista a legalizar a posse daquele imóvel para a sua posterior venda, apresentou, nos dias posteriores à referida publicação, uma queixa por arrombamento de porta contra desconhecidos na GNR de Paredes de Coura.
No dia anterior à edição da reportagem, o portão da antiga instituição, situada na freguesia de Moselos, encontrava-se aberto, assim como todas as portas do edifício. O estado em que se encontrava o interior do imóvel com dois andares e cave, indiciava que o espaço nunca estivera vedado a quem lá quisesse entrar, nomeadamente, a rebanhos de ovelhas, dada a presença em grande quantidade de excrementos desta espécie animal, um pouco por todo o lado.
Recorde-se que o JN denunciou a existência de um extenso arquivo documental referente ao antigo hospital psiquiátrico, ainda no interior do edifício abandonado. Em diversos compartimentos do imóvel foram encontrados centenas de registos do dia-a-dia da instituição e alegados processos clínicos completos dos doentes. Mobiliário, registos de serviço telefónico, contactos de antigos funcionários, administradores, de doentes e seus familiares, actas de reuniões, diários de enfermagem, encontravam-se espalhados à vista de quem visitasse o edifício.
Construída na primeira metade do século passado, aquela unidade foi inicialmente utilizada como sanatório, tendo depois passado a hospital psiquiátrico sob a alçada do hospital de Santa Luzia de Viana do Castelo, hoje CHAM.