2007

Menos acidentes mortais na construção civil em 2007

Os acidentes de trabalho mortais diminuíram do ano passado para este ano. Em 2007 registaram-se menos 12 mortes do que em 2006. Segundo os dados do Sindicato da Construção Civil do Norte de 53 mortes baixou-se para 41. Os números são animadores, mas ainda não satisfazem os dirigentes sindicais, que reclamam medidas que contribuam para diminuir os acidentes.

Apesar de Portugal ter menos acidentes do que a Espanha ou a Irlanda, Albano Ribeiro, presidente daquele sindicato, considera que é necessário "uma redução maior", o que passa sobretudo pelo fim do trabalho precário, até porque é nas pequenas obras, que acontecem mais acidentes graves. São, precisamente, mais medidas que o Sindicatos dos Trabalhadores da Construção Civil vai reclamar junto do Governo, no próximo dia 28, durante uma reunião com o ministro da tutela e o inspector-geral do Trabalho, onde vai ser apresentado um pacote de propostas com o intuito de pôr cobro àquele tipo de situação, designadamente o trabalho precário e o trabalho infantil.

Esta intenção foi anunciada, ontem, no estaleiro da Ponte Internacional de Quintanilha, em Bragança, uma obra que é apontada como um bom exemplo. Os trabalhos desta ponte não contribuíram para as estatísticas das vítimas mortais. Durante o ano e meio da sua execução apenas se registaram dois feridos, apesar se tratar de uma obra de grande envergadura, com cerca de dois mil metros de extensão. Só o tabuleiro mede 600 metros e tem uma altura de 50 e a construção envolveu 150 operários. Em obras desta dimensão são muitas vezes feitas estimativas de acidentes, apontando-se, em alguns casos, mais de uma dezena de mortes, "mas aqui não aconteceu nenhuma", salientou Albano Ribeiro.

A maioria dos distritos do país choram vítimas mortais em acidentes de trabalho, à excepção de Castelo Branco, Guarda, Portalegre e Bragança, onde em Outubro do ano passado, aquele sindicato realizou uma acção de sensibilização junto dos trabalhadores da Ponte de Quintanilha, para passar a mensagem do que mais importante "é não morrer ninguém". Albano Ribeiro está convicto de que os trabalhadores ouviram e o objectivo foi conseguido.

A obra foi também acompanhada pela Estradas de Portugal (EP), que apostou na prevenção e na manutenção de uma vigilância apertada ao nível de segurança. A fiscalização dos trabalhos foi feita pelos dois países, Portugal e Espanha. O responsável pela obra, João Rocha, da EP, admite que neste caso houve uma fiscalização "mais incisiva", "o que não é normal verificar-se nas restantes obras".

Quatro mortes em pequena ponte

Como contraponto à ponte de Quintanilha, em São Mamede

de Riba Tua (concelho de Alijó), em Novembro de 2004, morreram quatro operários durante

a construção de uma pequena ponte, com apenas nove metros de altura.

Operários caem de andaime

Em Vila Verde (Terras de Bouro) a tragédia também se abateu sobre a obra. Em Fevereiro deste ano um acidente resultou na morte de dois trabalhadores, de 20 e 25 anos, que se encontravam num andaime de 30 metros na construção da ponte da Petesqueira.

Glória Lopes