Os números são impressionantes: dois mil milhões interagem mensalmente no Facebook, mais de mil milhões pertencem a grupos e 800 milhões "gostam" de algo todos os dias. Mark Zuckerberg tem o mundo social na mão.
Para a investigadora da Universidade do Minho Inês Amaral, o rápido crescimento de utilizadores de redes sociais é natural e assenta em três características destes sistemas: "a simplicidade dos interfaces, a ideia de acesso a tudo quase em tempo real e os sistemas móveis".
Instagram, YouTube ou Twitter são nomes bastante conhecidos para qualquer utilizador de redes sociais. E há outras, como o Hi5 ou o Orkut, que durante algum tempo foram as mais usadas e hoje ninguém ouve falar delas.
Neste universo, há uma que se tem destacado, pelo número de utilizadores e longevidade. "Confesso que não esperei que o Facebook se mantivesse tanto tempo. Mas, a partir do momento em que introduziu funcionalidades de outras plataformas sociais tem o monopólio", refere a especialista em novos media.
Motores para campanhas de solidariedade
Mas, se as redes já são máquinas de fazer dinheiro, também potenciam atos de solidariedade. O caso da tragédia de Pedrógão Grande é disso prova. Pouco depois de se conhecer os números do maior incêndio da história de Portugal, várias foram as campanhas que, começando nas redes, se concretizaram na ajuda aos habitantes daquela zona do país. "As causas que sensibilizam efetivamente as pessoas de forma massiva conseguem ter nas redes sociais uma expressão enorme que, muitas vezes, se traduz num efetivo apoio", explica Inês Cardoso.
Uma ideia partilhada por Sandra Cardoso da S.O.S Animal. Esta organização de proteção animal, e ambiental, com sede em Lisboa, conta com mais de 90 mil seguidores no Facebook. Utiliza as redes sociais "para divulgação de campanhas, apelos, denúncias e pedidos de ajuda". Sendo o Facebook um "forte aliado" da associação, Sandra explica que todos os dias são desenvolvidas "atividades especificas para estes espaços".
Apesar de todas as vantagens no uso destas tecnologias, confessa que já encontrou as coisas mais inacreditáveis. "A facilidade com que as pessoas nos insultam e colocam em causa o nosso trabalho é inacreditável", lamenta.
Comunidades online beneficiam das redes sociais
Por esta altura, há uma página que faz sucesso nas redes sociais. O "Tesourinhos das Autárquicas", com mais de 190 mil seguidores, começou em 2013 e em 2017 já conta com vários posts. "Somos uma espécie de arquivo ou repositório do melhor - bom, isto é capaz de ser polémico - que se faz na comunicação autárquica", refere um dos administradores. "Na maior parte dos casos, são os seguidores que nos alertam para determinado cartaz, hino ou imagem", acrescenta.
Em Braga, há um grupo, com quase 20 mil seguidores, que partilha fotografias de tempos antigos. Luís Tarroso Gomes é um dos administradores do "Memórias de Braga" e, ao JN, explica que "há uma enorme adesão de pessoas que combinam a história da cidade e o saudosismo". Para este advogado, o papel das redes sociais neste tipo de comunidades é preponderante. "É possível contar com mais testemunhos e contributos do que em espaços mais formais", refere.