Assunção Cristas pediu, esta segunda-feira, a demissão dos responsáveis pelas pastas da Defesa e da Administração Interna.
Para a líder do CDS, o roubo de armas de Guerra em Tancos e a tragédia de Pedrógão Grande são exemplos da "crise de autoridade e de confiança", que fragilizam o país e para os quais têm de haver uma resposta.
"Estes ministros não souberam estar à altura das suas responsabilidades, as demissões são inevitáveis e temos de o dizer sem hesitações nem mais rodeios: senhor primeiro-ministro, volte (alegadamente de férias) e demita-os!", apontou Cristas, na sede dos centristas, em Lisboa, após a reunião que manteve com o presidente da República, durante mais de uma hora, a quem transmitiu este pedido.
Segundo a presidente do CDS, não se deve esperar "o fim da dita 'época de incêndios', porque a descoordenação não se pode repetir". "Há uma crise de autoridade, há uma crise de comando, há uma crise de confiança. Esta só será resolvida com a demissão destes dois ministros", disse, defendendo que o "Governo tem sido o rosto da incompetência em áreas de soberania, desnorte em questões de segurança, seja na Proteção Civil seja no armamento à guarda do Estado".
Cristas fala em "barafunda dos serviços" públicos sob a tutela do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.
Em relação à segunda governante, Cristas refere que "as versões contraditórias" vindas das "várias entidades sob sua tutela apresentam", "sobre os mesmos factos e os dados que vieram a público sobre a fita do tempo revelam uma descoordenação assustadora".
Mas as palavras mais duras vão para Azeredo Lopes. A centrista lembra que o ministro assumiu "responsabilidade política" sobre o roubo do arsenal militar, mas que "não o vimos retirar qualquer consequência disso". "Sentimo-nos envergonhados quando um jornal estrangeiro publica a lista do material furtado. O Estado português está fragilizado e nem uma palavra do primeiro-ministro", acusou.
Porém, não foram apenas estes dois casos que, de acordo com Cristas, o CDS levou a Marcelo Rebelo de Sousa, para sustentar o pedido de afastamento dos ministros. "Ainda antes do incêndio de Pedrógão Grande e do furto de material militar, já tínhamos conhecido episódios preocupantes: nomeadamente a insegurança no aeroporto de Lisboa e o furto de pistolas à PSP", descreveu.
Em resumo, disse: "Quebrou-se a confiança que todos temos de ter nas instituições do Estado". "Pôs-se em causa a credibilidade internacional do nosso país. Num caso e noutro, o Governo tem fugido às suas responsabilidades e mostra-se incapaz de assumir os erros e tirar conclusões".
"Foi [tudo isto] que acabamos de transmitir ao presidente da República e é a exigência que fazemos ao primeiro-ministro, responsável máximo pela composição do Governo", concluiu, sem adiantar qual a reação de Marcelo Rebelo de Sousa a este apelo.