Lisboa, 19 Mar - Os CTT - Correios de Portugal garantem que a greve marcada para hoje e quinta-feira por cinco sindicatos não afectará o normal decorrer dos serviços, apesar de os sindicatos que convocaram a paralisação esperarem uma forte adesão.
Na passada semana, nove sindicatos (dos 14 existentes nos CTT) assinaram um novo Acordo de Empresa (AE) [documento que rege as relações entre a empresa e os seus funcionários], garantindo aos trabalhadores os seus empregos, remunerações e "os benefícios inerentes ao acesso ao Sistema de Saúde dos Correios (IOS)", refere a empresa.
O novo AE, "respeitando a vida privada e familiar dos trabalhadores", garante a progressão nas carreiras e mantém a carga horária nas 39 horas semanais, prevendo ainda que o número de dirigentes sindicais com dispensa total passe de mais de 100 para 55, "principal motivo que levou os sindicatos a convocarem esta greve", considerou fonte oficial dos CTT, à Lusa.
"Há um universo muito grande de trabalhadores que não irá aderir à greve", segundo a fonte oficial dos correios, o que leva a crer que "o serviço irá manter-se normal ou próximo do normal, salvo situações pontuais em algumas localidades".
Os CTT afirmam terem preparadas algumas medidas de contingência, de modo a assegurar a normalidade dos serviços e, principalmente, a entrega do correio considerado prioritário.
Em declarações à agência Lusa, José Arsénio, um dos dirigentes do Sindicato Democrático dos Trabalhadores das Comunicações e dos Media (Sindetelco), um dos nove assinantes, afirmou hoje não apoiar a greve, considerando que "a julgar pela reacção dos trabalhadores, que até agora não se mostraram descontentes [com o novo AE], esta greve não terá uma adesão muito grande por parte dos funcionários".
De acordo com o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, a adesão será igual ou superior à da greve do dia 25 de Fevereiro (cerca de 72 por cento, segundo o sindicato), com a distribuição, as centrais de tratamento e as estações de correios a serem os sectores mais afectados.
Em declarações à Lusa, Vítor Narciso explicou que o SNTCT não assinou o novo AE porque "as propostas da empresa [CTT] eram demasiado gravosas", nomeadamente a cláusula referente à caducidade dos acordos.
"Para nós [SNTCT] a negociações ainda não acabaram, apesar de a administração tê-las dado por encerradas. Esta não será a última greve se a administração não recuar", afirmou Vítor Narciso.
TZC.
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