Marieta Mota ainda fica com o lábio a tremer quando recorda os acontecimentos do passado dia 6. Durante o ensaio para a primeira comunhão na igreja de Vila Nova da Telha, na Maia, o seu filho mais velho, de sete anos, terá sido agredido pelo padre. "Saiu da fila indiana que os meninos estavam a formar e levou um estalo na cara", conta. Mal soube do sucedido, Marieta foi perguntar ao clérigo o que se passara. "Fui também agredida e expulsa da igreja aos empurrões".
Apresentou queixa à GNR da Maia e o caso já seguiu para o Ministério Público. Confrontado pelo JN, o padre Joaquim Moreira disse que não queria pronunciar-se. A Diocese do Porto afirmou estar a acompanhar o caso.
"Está tudo farto de saber"
"Quando lhe perguntei porque tinha batido no meu filho, pôs-me a mão no ombro, empurrou-me e disse-me que não tinha explicações a dar-me porque quem mandava naquela igreja era ele. Além disso, avisou-me que o meu filho estava proibido de fazer a primeira comunhão", afirmou, ao JN, Marieta Mota, professora do Ensino Básico, garantindo que a agressão ao filho não é única.
"As pessoas têm medo de denunciar, mas está tudo farto de saber que o padre bate nos miúdos", acusou. O JN soube que o sacerdote já terá tido problemas noutra paróquia. Há cerca de dois anos passou para Vila Nova da Telha e, segundo uma fonte, três catequistas vieram embora por não concordarem com os métodos que utilizados pelo padre.
Perplexa com a agressividade do sacerdote, Marieta insistiu na pergunta e foi aí que começou a ser agredida. "Agarrou-me no pescoço e nos cabelos, arrastou-me para a saída, deu-me um encontrão que me atirou contra a porta e quando ia a sair, deu-me um estalo na cara", relatou, ainda incrédula por ter "apanhado de um padre".
Marieta saiu a chorar da igreja e chamou a GNR que a aconselhou a ser assistida. Seguiu para o Hospital Pedro Hispano, onde recebeu tratamento aos hematomas e arranhões que ainda traz no corpo. No hospital, a PSP registou a ocorrência.
No dia seguinte, a vítima dirigiu-se à Diocese do Porto e escreveu uma carta ao bispo. "Preocuparam-se em resolver a questão da comunhão do meu filho e remeteram-me para o vigário de Milheirós", recorda. "Pediu-me desculpa e tentou convencer-me a perdoar o padre, dizendo que ele não sabe o que faz. No dia seguinte ligou-me a pedir sigilo", disse.
Marieta está decidida a ir até às últimas consequências. Tem uma testemunha, cujo filho também terá sido vítima de agressão do padre Joaquim no ano passado, e entregou o caso a um advogado. "Quero justiça, fui maltratada, humilhada e expulsa da igreja como um animal".