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Naide Gomes tem o olhar da mãe. Olhos castanhos, doces e determinados. O único aspecto que distingue o olhar de Ernestina Gomes do da atleta é o brilho de orgulho, sempre que fala na filha de 26 anos. "Fico sempre orgulhosa, mesmo quando não ganha medalhas", confessa a mãe.
No domingo passado, também os olhos de Naide Gomes brilharam quando, de medalha de prata ao peito, escutou o hino nacional no estádio Ullevi, em Gotemburgo, na Suécia, após um salto de 6, 84 metros que lhe valeu o segundo lugar no Comprimento, nos Europeus.
"Eu sabia que a medalha era possível, desde que fizesse um bom salto", afirma Ludmila Gomes, irmã de Naide e a cara chapada da mana. "Até me pedem autógrafos na rua".
Enezenaide (nome em honra dos avós) Gomes, ou simplesmente Naide, veio para Portugal aos 11 anos, acompanhada pela irmã. A mãe aguardava pelas filhas. Para trás, ficou o pai e a terra natal. A nacionalidade portuguesa só chegou em 2001.
O gosto pelo atletismo começou através de um professor de Educação Física. Em 1998, chegou ao Sporting, onde conheceu Abreu Matos, treinador, amigo e confidente. "A Naide é uma pessoa muito reservada, amiga, humilde e discreta, mas muito determinada", afirma o técnico.
Mas nem tudo é perfeito. " É bastante teimosa e exigente nos treinos", descreve Américo Castelo Branco, atleta e um dos melhores amigos. Na pista, o olhar doce transforma-se em determinação. O atletismo é a sua missão.
Além dos treinos, a atleta leonina frequenta o curso de Fisioterapia e realiza tratamento a lesões no pé e no joelho, consequência de muitos anos de pentatlo. "Ela sai de casa de manhã e só vem à noite. Está sempre ocupada. Mal a vemos!", revela Ludmila Gomes. Até os poucos tempos livres são dedicados ao desporto "Quando chega a casa, senta-se no sofá e observa as suas provas, à procura de aspectos a melhorar", adianta Ernestina Gomes. Rui Melo
