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Um cordão humano, em pleno leito do rio Mondego, juntou, ontem à tarde, cerca de uma centena de participantes com o objectivo de "sensibilizar as entidades e a população de Coimbra para a questão do assoreamento do rio". "Tirem a cabeça da areia! Por Coimbra!" era o slogan deste cordão humano, com as pessoas de pé mesmo no centro do Mondego, numa zona onde a água tem apenas meio metro de profundidade.
Em declarações ao JN, Ruben Leite, presidente da Secção de Desportos Naúticos da Associação Académica de Coimbra (AAC), que organizou esta iniciativa, explicou que o leito do Mondego, a montante da Ponte de Santa Clara, "está em condições precárias, com areia cada vez mais elevada".
"Pouca gente se apercebe da dimensão deste problema, porque a areia não vê", referiu Ruben Leite, para acrescentar que, quem treina diariamente no Mondego, como é o caso dos atletas da Secção de Desportos Náuticos da AAC, "conhece os riscos que esta situação pode criar numa época de chuvas intensas".
A mesmo responsável alerta, aliás, para o facto de o leito do rio estar "numa quota quatro ou cinco metros mais elevada do que há dez anos atrás", pelo que, adiantou, "qualquer aumento do caudal poderá provocar uma cheia maior do que a de 2001 e causar mais estragos na cidade".
Foi para "mostrar e trazer para a ordem do dia esta questão" que a Secção de Desportos Náuticos da AAC decidiu promover o cordão humano. "Contado, ninguém acredita. Só mostrando que a água, em frente do Parque Verde do Mondego, nos dá pelos joelhos é que poderemos sensibilizar o Instituto da Água, entidade que gere o rio", disse Ruben Leite.
Segundo este responsável, "há um risco enorme para as obras efectuadas no Parque Verde, no âmbito do Programa Polis, onde foram investidos milhões de euros".
Por seu lado, Luís Maricato, vice-presidente da mesma secção, considerou que a solução passa por "fazer o desassoreamento e regularização do leito, mas também a limpeza das margens, onde já existe erosão devido às correntes da água".
"O problema não é das entidades de Coimbra, é do Instituto da Água, que diz que está a fazer um estudo de impacte ambiental, mas o certo é que até agora não se vê nada. E isto há 10 anos!", lamentou Luís Maricato.