Investimento de 2000 milhões de euros foi anunciado para o setor cultural pelos governos francês e alemão, de forma a cumprir desafios da União Europeia.
No final de 2019, a economia cultural e criativa europeia correspondia a um volume de negócios de 643 mil milhões de euros e um valor acrescentado total de 253 mil milhões de euros. Em 2019, último ano de referência, as atividades essenciais das indústrias culturais e criativas (ICC) representaram 4,4% do PIB da União Europeia (UE) em termos de volume de negócios total. O que significa uma contribuição económica das ICC superior à das telecomunicações, alta tecnologia, farmacêutica ou indústria automóvel. Assim o demonstra um relatório da Comissão Europeia elaborado no final do mês passado.
Até à pandemia, nas indústrias criativas na UE trabalhavam 7,6 milhões de pessoas. As áreas que tinham maior taxa de crescimento por ano (4%) eram os videojogos, arquitetura, música e publicidade. Cinco países foram os responsáveis por 69% deste setor: Alemanha, França, Itália, Espanha e o Reino Unido.
Em 2020, a economia cultural e criativa perdeu 31% das receitas, tornando-se uma das indústrias mais afetadas na Europa, mais do que o turismo e as indústrias automóvel (descidas de 27% e 25%, respetivamente).
Com a pandemia, as artes performativas foram as maiores vítimas, com uma quebra de 90%, seguidas da música com 76% . A indústria de videojogos foi a única que se aguentou com saldo positivo e um crescimento de 9%.
Segundo o relatório, a Lituânia, Bulgária e Estónia são os países onde as ICC foram mais atingidas.
A UE definiu três desafios para recuperar a cultura: financiar, capacitar e alavancar. Para o primeiro desafio estabeleceu o "financiamento público massivo e promover o investimento privado em negócios culturais e criativos, organizações, empreendedores e criadores - duas alavancas indispensáveis para apoiar e acelerar a sua recuperação e transformação".
Portugal e os cinco
No fim deste mês serão distribuídos em Portugal 42 milhões de euros através do programa Garantir Cultura, anunciou a ministra do setor, Graça Fonseca. O que fizeram os cinco países que asseguram 69% da ICC na UE? Anteontem, depois de uma reunião negocial, o Governo alemão divulgou uma segunda injeção de capital no programa Neustart Kultur (Novo Começo da Cultura) no valor de 2 mil milhões de euros. O Reino Unido anunciou um subsídio de 1,79 mil milhões de euros para o setor cultural e França distribuirá 2 mil milhões de euros para as artes. Itália apoiou 245 milhões e Espanha foi mais comedida, assegurando 75 milhões de euros.