Primeira antologia de Pina no Brasil lançada hoje

Primeira antologia de Pina no Brasil lançada hoje

Intitula-se "O Coração Pronto para o Roubo" a primeira antologia no Brasil da poesia de Manuel António Pina. O JN falou com o responsável da edição, o professor universitário Leonardo Gandolfi.

O leitor brasileiro de poesia tem finalmente ao dispor num só volume uma recolha ampla dos poemas de Manuel António Pina. O lançamento de "O Coração Pronto para o Roubo" acontece nesta quarta-feira, na Casa das Rosas, em São Paulo, e está inserido no programa de comemorações do 75º aniversário do poeta, intitulado "Desimaginar o Mundo". O responsável pela seleção e pelo posfácio é Leonardo Gandolfi, um professor universitário que diz que os poemas do autor natural do Sabugal "conseguem ser de uma só vez desencantados e entusiasmados".

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Como surgiu a hipótese de fazer uma recolha de poemas de Manuel António Pina (MAP) no Brasil?

Em 2015, preparei um ensaio sobre a poesia do Pina seguido de uma mini-antologia para a coleção de livros Ciranda de Poesia, da editora da UERJ. Mas -- devido aos problemas financeiros do estado do Rio de Janeiro iniciados em 2015, período em que a universidade sofreu grandes cortes em seu orçamento -- o livro e a coleção ficaram pelo meio do caminho. Logo em seguida, a Editora 34 coincidentemente me convidou para organizar uma antologia do Pina. Falei desse livro que eu tinha feito e que não tinha sido publicado. Então eu e o editor Cide Piquet decidimos ampliar consideravelmente a quantidade de poemas e reduzir o ensaio, transformando-o em um pequeno posfácio que funciona como breve apresentação da poesia de Pina para um público maior.

Como travou conhecimento com a sua poesia?


Conheci a poesia de Pina no início dos anos 2000, quando era estudante de Letras. Depois, durante o mestrado, passei uma temporada no Porto e tive a felicidade de conhecê-lo pessoalmente.

O que admira mais na sua poesia?

Ela é escrita com e contra a poesia escrita antes. Em relação a isso, seus versos conseguem ser de uma só vez desencantados e entusiasmados.

Crê que esta edição é o primeiro passo para que a poesia de MAP se torne mais conhecida no Brasil?

A poesia de Pina já circula entre poetas e também entre leitores na universidade. Com o livro editado aqui, espera-se que sua obra possa chegar a outros leitores. Assim como já aconteceu com os poemas da Sophia de Mello Breyner Andresen, da Adília Lopes e do Ruy Belo. No Brasil, cada vez mais há um público interessado na poesia portuguesa.

Onde reside a originalidade maior da poesia de MAP?

Não sei é uma questão apenas de originalidade. Na verdade, a poesia dele brinca justamente com o facto de ser tardia no século XX, isto é, brinca com o facto de ter vindo depois de tantos escritores originais. É como se seus poemas desejassem certa inocência, não a inocência perdida, mas sim uma inocência aprendida. Enquanto muitos autores buscam encontrar uma voz própria, Pina busca perdê-la e faz isso com inteligência, humor e emoção.

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