OpiniãoMulheres de péNas últimas duas décadas a chamada Stand Up Comedy ganhou muita força no panorama cultural português, passando de noite temática em pequenos bares, para competir taco a taco com a música ou o teatro na programação de salas por todo o país. Hoje, proliferaram digressões de humoristas, com grandes salas esgotadas, já não apenas de uma ou duas figuras mais mainstream (como no passado), mas de um grande número de artistas de várias gerações, com estilos e públicos diferentes.
Opinião"Viver é melhor que sonhar"Senhoras e senhores, há que interromper o espetáculo da aparente normalidade, para ouvir Keyla Brasil e a comunidade trans. São só três minutos que nos pedem. Não pode custar assim tanto. Que há a temer? Sair do ramerrame? Ser acordado à força? Que as coisas nunca voltem a ser como dantes? Percebo que seja chato que nos desarrumem assim uma quinta-feira de janeiro, mas podemos pelo menos fingir que nos importamos com a sobrevivência de outros seres humanos e que ainda nos resta uma centelha de empatia? Se fosse um alarme de incêndio, ou uma ameaça de bomba, seria menos incómoda a interrupção? Afinal esta também é uma emergência. Também estamos perante uma questão de sobrevivência. Também estamos perante a nossa própria sobrevivência enquanto comunidade (no sentido mais vasto).
OpiniãoA casa própria da HabitaçãoO problema da habitação em Portugal tem barbas brancas, mas finalmente, em pleno 2023, ganha um ministério para chamar de seu.
OpiniãoA turbaO processo de degradação de uma democracia envolve muitos e complexos fatores, várias etapas, dinâmicas que se vão instalando e uma progressiva acomodação das novas normalidades, para que, como hábito, se instale um novo paradigma. A história da última década no Brasil é exemplo disso e, até por cá, houve quem engrossasse o coro de legitimação do impeachment de Dilma (rejeitando a palavra "golpe"), de normalização do candidato e depois presidente Bolsonaro, como um "mal menor", em contraponto a Lula e ao PT (devidamente demonizados), e até quem adotasse o seu jargão, importando expressões como "ideologia de género" ou "marxismo cultural".
OpiniãoRecomeçar (mas com calma)Um ano novinho em folha e, pela primeira vez, não tenho planos, projetos na calha ou metas a curto ou a médio prazo. Algumas ideias vagas de coisas que gostaria de escrever e uma desmotivação imensa para fazer música é tudo o que restou destes últimos anos de recém-maternidade-pandemia-e-tentativas-de-recomeço, em que (ainda que com muito menos concertos) trabalhei muito.
OpiniãoO dia a seguir ao NatalO dia depois do Natal é uma nuvem de papel de embrulho esfarrapado e um "pijama" de restos. Vivemos um excesso dionisíaco durante uns dias e, na ressaca, fica ainda mais vívido o quanto é insustentável.
OpiniãoCubaHá muitos anos que tinha vontade de ir a Cuba. Fui adiando, ouvindo sempre que se demorasse muito, as mudanças inevitáveis transformariam a ilha numa espécie de Miami de marca branca. Ora apesar de ter chegado depois da morte de Fidel e já depois de Raul Castro sair do poder, cheguei a tempo. Cuba, definitivamente, ainda não é Miami e, para o bem e para o mal, está muito longe disso.
Água-vivaBomba-relógioUm consórcio de investigadores suecos e suíços, que durante mais de uma década recolheu e analisou água da chuva, anunciou recentemente que esta já não é potável em nenhuma região do globo. A presença dos chamados "químicos eternos" é uma constante, até mesmo na Antártica ou no planalto tibetano.
OpiniãoDesassossegoOs quarenta anos sobre a primeira edição do "Livro do desassossego" e o aniversário da Casa Fernando Pessoa (e da morte do autor) eram o pretexto. Fui convidada para participar de uma leitura de excertos do livro, juntamente com o Carlão, acompanhados (na música) por Pedro Geraldes. E esse foi, por sua vez, o pretexto para reler o conjunto de fragmentos que compõe a maior obra de Pessoa.
OpiniãoRosalíaNo Instagram, mil fotografias e vídeos do concerto da Rosalía em Lisboa. Relatos entusiasmados, boas críticas e ecos de uma ótima noite. Nada mais distante da minha experiência, dois dias antes, em Braga. Fiquei na dúvida. Terá sido mesmo assim e bastou mudar de sala para melhorar muito a qualidade do espetáculo? Terei sido só eu a desgostar e há uma espécie de desencontro entre este tipo de concerto e as minhas expectativas? Ou é simplesmente a ilusão de perfeição que se projeta nas redes sociais e estas pessoas sentiram o mesmo que eu?
Opinião90 minutosComeçou o Mundial de futebol. Um mês inteiro com vários jogos por dia, muitos programas de comentário, tweets, notícias e rubricas, muita publicidade, passatempos e cadernetas de cromos, e obviamente muita conversa de café e de barbeiro sobre o assunto.
OpiniãoO lado errado da históriaÉ uma evidência histórica, a descredibilização de uma luta chega sempre de mãos dadas com a sua repressão. Foi assim com o feminismo, tem sido muitas vezes com a luta LGBT e, ultimamente, com os jovens ativistas pelo clima.