Um prémio de carreira "pelo extraordinário nível técnico e expressivo que alcançou nas partituras para coros", anunciou hoje a Bienal de Veneza, em Itália. Autora tem ligação próxima à Casa da Música, no Porto.
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Kaija Saariaho receberá este prémio de carreira a 17 de setembro, no início da 65.ª edição do Festival Internacional de Música Contemporânea, subordinado ao tema "Coros".
Segundo a Bienal de Veneza, Kaija Saariaho é reconhecida não só pelo trabalho artístico original para voz, mas em particular pela composição "Oltra mar", de 1999, "uma obra-prima absoluta" para coro e orquestra, "harmonicamente complexa, mas de composição clara", e influenciada pelo impressionismo, refere a organização.
No âmbito deste prémio de reconhecimento artístico, "Oltra mar" será interpretado no festival, em estreia italiana, pelo coro e orquestra do Teatro La Fenice, conduzidos pelo maestro Ernest Martinez-Isquierdo.
Nascida em Helsínquia em 1952, Kaija Saariaho já compôs para diferentes formações, de pequenos ensembles a orquestra, contando ainda com ópera, música para teatro, dança e música eletroacústica. Em julho estreará em França a ópera "Innocence".
Kaija Saariaho foi a compositora em residência na Casa da Música, no Porto, em 2010, e regressou a esta instituição em 2019 para fazer a estreia portuguesa da sua obra "Ciel d'hiver", integrada na programação "Música no Feminino".
"Lichtbogen", "Graal théâtre", "Laconisme de l'aile" e "L'aile du songe" são algumas das suas peças presentes no repertório de diversas orquestras portuguesas, como a Gulbenkian, a Metropolitana de Lisboa, o Remix Ensemble e a Orquestra Sinfónica do Porto, além do Grupo Música Nova, de Cândido Lima, que revelou a compositora ao público português.
Entre as obras de Saariaho destacam-se igualmente as óperas "Emile" e "L'amour de loin", ambas com libreto do escritor Amin Maalouf e ambas apresentadas em Portugal, no âmbito da Temporada Gulbenkian de Música, em Lisboa, em 2013 e 2016, e na Casa da Música, no Porto ("Emile").
Na temporada 2014-2015, Kaija Saariaho foi mentora do compositor português Vasco Mendonça, no programa internacional "Mestres Discípulos".
A gravação de "L'amour de loin", estreada no Festival de Salzburgo, em 2000, pela Orquestra Sinfónica Alemã de Berlim, sob a direção de Kent Nagano, tendo sido distinguida com um Grammy em 2011.
A Bienal de Veneza atribuiu ainda o Leão de Prata ao Neue Vocalsolisten Stuttgart, um ensemble vocal alemão dedicado à música contemporânea.
Em anos anteriores, o Festival Internacional de Música Contemporânea atribuiu o Leão de Ouro a figuras como Luciano Berio (1995), Pierre Boulez (2012), Sofia Gubaidulina (2013), Steve Reich (2014), Tan Dun (2017) e Keith Jarrett (2018).