"Servir Benfica" pede ao clube para não exercer direito de preferência sobre ações de Vieira

Luís Filipe Vieira está prisão domiciliária até pagar a caução de três milhões de euros
Filipe Amorim / Global Imagens
O Movimento Servir o Benfica apelou, esta quarta-feira, ao clube para se abster de exercer o direito de preferência sobre as ações do antigo presidente Luís Filipe Vieira, questionando a legitimidade da direção demissionária para decidir sobre o assunto.
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Na terça-feira, o Benfica recebeu uma comunicação do antigo presidente para exercer o direito de preferência sobre 3,28% das ações da SAD de que Luís Filipe Vieira é proprietário, na sequência de uma proposta de venda no valor de 7,80 euros por cada um dos 753.615 títulos, correspondendo a um valor global de quase 5,9 milhões de euros (5.878.197 euros).
Em comunicado, o movimento, do qual faz parte Francisco Mourão Benítez, candidato à presidência da MAG na lista de João Noronha Lopes, apelou aos órgãos sociais do clube "que se abstenham de exercer o direito de preferência nesta transação, o que, a não acontecer, será altamente lesivo dos interesses do Sport Lisboa e Benfica e só resultará em benefício particular de um único acionista da Benfica SAD, no caso o Sr. Luís Filipe Vieira".
O Movimento Servir o Benfica recordou que o clube já é o maior acionista da sociedade desportiva das águias, acentuando que "uma participação adicional de 3,28% nada acrescenta ao clube em termos de controlo estratégico da principal atividade, o futebol profissional".
"Por outro lado, o preço proposto pelo Sr. Luís Filipe Vieira é 80% acima do valor das ações em bolsa. Assim, se o clube tiver interesse no reforço da sua posição acionista na SAD, poderá concretizá-lo em condições bem mais vantajosas por via de uma aquisição em bolsa", refere o mesmo comunicado, realçando que o exercício do direito de preferência "não está contemplado nos estatutos da Benfica SAD, nem na lei geral, estando regulada num acordo parassocial alegadamente existente entre o Sr. Luís Filipe Vieira e o Sport Lisboa e Benfica, datado de 11 de setembro de 2020".
Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos no início de julho numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco e está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
O ex-presidente começou por suspender as funções no Benfica, mas, a 15 de julho, acabou por apresentar a demissão, sendo substituído por Rui Costa.
A maioria do capital da SAD do Benfica (63,65%) está na posse do clube (40%) e da Benfica SGPS (23,65%), enquanto o empresário José António dos Santos e as suas empresas detém um total de 23,1061% das ações.
