Amigo, companheiro, quase um pai. Debilitado, Carlos Bilardo, treinador da seleção campeã do mundo em 1986, ainda não sabe que Maradona morreu. O irmão quis protegê-lo e inventou um problema técnico para lhe cortar o acesso à informação.
Desde quarta-feira, calou-se a televisão em casa de Carlos Bilardo, ex-treinador de futebol argentino e técnico da seleção que venceu o mundial de 1986. "Problemas com um cabo", disse-lhe o irmão, preocupado com os 82 anos e a saúde já debilitada do homem que olha para Diego Maradona como "o filho" que não teve.
Um ataque cardíaco roubou o "menino de ouro" do futebol - "El Pibe de oro" - e Jorge Bilardo, irmão de Carlos, teme o efeito da notícia, que "caiu como uma bomba" dentro e fora dos relvados.
Quando é assim, o enfermeiro que acompanha o ex-treinador, que sofre de síndrome de Hakim-Adams, uma doença degenerativa, já sabe. "Ele vive num apartamento, mas o enfermeiro que está com ele sabe que, quando acontece algo assim, a televisão tem de ser desligada", explicou Jorge, em declarações à Rádio Provincia.
Carlos Bilardo ainda não sabe, por isso, que Maradona morreu. E o irmão confessa não saber o que lhe dizer quando os "problemas com o cabo" já não servirem de desculpa. "Ele foi como um filho para o Carlos", reconheceu, contando que os dois se conheceram perto do campo do Argentino Juniors, onde Maradona começou.
"Recordo-me quando em 1983 fomos a Barcelona e o Carlos falou com ele e disse-lhe: 'olha, tu vais ser o novo capitão'. E o Diego chorou", acrescentou, lamentando o facto de não ver o antigo futebolista "há muito tempo".
"Ele deu a conhecer a Argentina. Em qualquer lugar onde se diga 'Argentina' alguém responde 'Maradona", concluiu.